Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

As lideranças da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) estão otimistas com a possibilidade de ter algumas das 140 reivindicações - entregues à Presidência da República no dia 30 de abril - atendidas pela presidenta Dilma Rousseff, com quem esperam se reunir hoje (30) à tarde. Cerca de 8 mil trabalhadores rurais e agricultores estão na Esplanada dos Ministérios, participando do Grito da Terra Brasil 2012.


Em princípio, a reunião será com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. “Mas nós sabemos que, a exemplo de outros anos, é grande a chance de sermos recebidos pela presidenta Dilma”, disse à Agência Brasil o presidente da Contag, Alberto Broch. “Nós viemos apenas para ouvir o que a presidenta Dilma tem a dizer. O que era para falar já dissemos por meio da pauta entregue a ela, com 140 itens reivindicados. Agora aguardamos a resposta”.

“Ela sempre acena com o atendimento de algumas reivindicações. Desta vez, nossa expectativa é de que ela atenda nossos pedidos em relação ao Plano Safra. Em especial, que melhore o seguro agrário e que aumente os tetos de financiamento e os recursos para assistência técnica”, disse Broch.

Agricultor no Rio Grande do Sul, Thiago Arénharot, de 30 anos, diz ter dificuldades para arcar com as dívidas decorrentes dos financiamentos que fez com o governo. “Quero que o governo prolongue as dívidas que temos ou, pelo menos, que nos dê algum desconto, porque não temos como pagar. Há sete meses não chove na minha região e, por isso, não colhemos quase nada do que plantamos. Precisamos da ajuda do governo [para compensar os problemas causados pela estiagem] porque as dívidas iam ser pagas com o dinheiro da colheita”, disse.

“Também quero negociar parte da dívida que tenho com o governo”, acrescentou o agricultor Manoel Alves, 45 anos, que mora em Alagoas. “A seca não me deixou produzir. Em nossa região, precisamos de água para o consumo e para o plantio. Se tivéssemos irrigação, colheríamos duas a três safras por ano, porque moro a dois quilômetros do Rio São Francisco”.

Nas últimas semanas, uma comissão de representantes da Contag se reuniu com autoridades de 15 ministérios e de várias autarquias e secretarias para discutir as políticas públicas destinadas aos trabalhadores rurais. Dessa forma, buscam soluções para problemas como os vividos por Thiago Arénharot e Manoel Alves.

“Abordamos diversos itens durante essas reuniões. Reiteramos às autoridades que assentar o quanto antes 200 mil famílias acampadas é um passo significativo que o governo pode oferecer tanto para os trabalhadores rurais quanto para a sociedade brasileira, e que ampliar a assistência técnica e o crédito, tanto para a reforma agrária quanto para a agricultura familiar, está entre os grandes desafios do país”, argumentou o secretário de Política Agrária da Contag, William Clementino.

O movimento defende também a ampliação da política de educação nas comunidades rurais. “Até porque, sem ela, haverá forte tendência de esvaziamento no campo. E, na sequência, a redução do fornecimento de alimentos, já que mais de 70% dos produtos consumidos no país têm como origem a agricultura familiar, que é quem garante alimentos saudáveis e sem agrotóxicos”, acrescentou Clementino.

 

Peduzzi
Da Agência Brasil

 

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