Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Na manhã desta quinta-feira, dia 2, cerca de 200 posseiros do Engenho Algodoais e entorno, que serão atingidos pelo Complexo industrial e portuário de Suape, interditaram por aproximadamente três horas a PE-60, no município do Cabo de Santo Agostinho/PE. Os posseiros protestaram contra os processos de desapropriações de suas terras para a expansão do Complexo. Durante o ato, as famílias atingidas por Suape contaram com o apoio de associações de moradores e de pescadores do município e do MST. O batalhão de choque da Polícia Militar chegou no local por volta das 10h, se posicionou em frente ao grupo, mas não houve conflito.

Além de protestar pela retirada dos processos de reintegração de posse, as famílias construíram uma pauta de reivindicações, contendo entre outro pontos, a revisão dos valores das indenizações, a criação de uma comissão de negociação dos processos de indenizações, regularização fundiária e entrega dos títulos de posse às famílias, além de reivindicar a retirada de milícias armadas de Suape. Os protestantes exigiam a presença de representantes de Suape, mas ninguém compareceu no local.

A família da agricultora Raquel Minervino, que vive há 48 anos em um sítio no Engenho Algodoais, é uma das atingidas pelo Complexo. De acordo com a trabalhadora, a indenização oferecida pela diretoria de Suape é de R$12,5 mil. “Não quero deixar a minha vida para trás nessas terras recebendo uma indenização ridícula”, informou em reportagem feita pelo JC sobre o caso. “Com esse dinheiro não consigo comprar outra casa. Não tenho pra onde ir”, enfatizou. A família de Dona Raquel teria até hoje para sair de sua casa, contudo, a realização do protesto impediu que a casa da trabalhadora fosse destruída. A Administração de Suape, ao ser procurada pelos meios de comunicação, informou que vai revisar os valor da indenização.

A manifestação promovida na manhã de ontem não foi um caso isolado. A expansão do Complexo de Suape nos municípios de Cabo de Santo Agostinho e em Ipojuca tem transformado a região em uma das mais intensas áreas de conflitos fundiários no Estado de Pernambuco. De acordo com o presidente da União dos Agricultores do Cabo de Santo Agostinho, Gilberto Lino da Silva, o que está acontecendo na verdade é que as agricultoras e agricultores posseiros estão sendo praticamente expulsos de suas terras, com indenizações muito baixas, para dar lugar a grandes empreendimentos econômicos. Segundo lideranças que organizaram o protesto, existem mais de 1.800 ações de reintegração de posse em Suape na Justiça.

 

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