Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Depois de percorrer cerca de mil quilômetros e visitar comunidades, Dom Leonardo Ulrich Steiner avaliou situação como alarmante.

Depois de percorrer cerca de mil quilômetros e visitar comunidades Guarani Kaiowa na região sul do Mato Grosso do Sul, o secretario geral da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) Dom Leonardo Ulrich Steiner avaliou situação como alarmante.''A situação é de desamparo e violência. Pelo constatado, a origem de todos os problemas esta na falta de andamento dos processos de demarcações de terras tradicionais e na ausência de políticas publicas'', declarou Dom Leonardo em visita à terra indígena Kurusu Amba, no município de Coronel Sapucaia. O religioso verificou que os Kaiowa de Kurusu Amba sofrem ainda com o veneno jogado nas plantações de soja, que contamina a água e o solo, bem como a falta de alimentos para a comunidade e escola para as crianças.

Tal realidade foi observada por Dom Leonardo em outras duas áreas de retomadas: tekoha Laranjeira Nhanderu, município de Rio Brilhante, e tekoha Guaiviry, município de Aral Moreira. Em Laranjeira, os Guarani Kaiowa estão sob ordem de despejo, a ser nos próximos dez dias. Dom Leonardo ouviu dos indígenas que a comunidade decidiu pela permanência, pois cansou de ver indígenas morrerem nos acampamentos a margem da rodovia - local para onde devem voltar caso sejam despejados.

"A Igreja precisa olhar para nossos irmãos indígenas. Vamos nos movimentar nesse sentido, porque não e possível aceitarmos tal situação. Os indígenas precisam de suas terras para viver o próprio modo de vida e praticar sua cultura", frisou Dom Leonardo. Disse ainda ser admirável que depois de tantas décadas de violência e perseguição, os Kaiowa preservem a língua e seus modos. "Em verdade, isso e o que os mantém. Então e importante nunca abandonar as danças, as praticas religiosas tradicionais".

No tekoha Guaiviry, local onde vivia o cacique Nisio Gomes, desaparecido depois de ataque de pistoleiros em 18 de novembro do ano passado, o secretario geral da CNBB visitou o lugar em que onde o cacique caiu baleado, percorreu o acampamento, visitou o rio e mostrou-se emocionado com a receptividade alegra das crianças, mesmo em meio a tantas dificuldades e violência.

"Foram visitas muito bonitas, profundas. Estou convencido de que não podemos mais permitir que a conjuntura do Mato Grosso do Sul para os indígenas se mantenha. A Igreja quer contribuir. Inclusive uma das notas mais fortes que a CNBB soltou nos últimos tempos foi sobre os episódios de violência contra os indígenas", destacou Dom Leonardo em visita ao Ministério Publico Federal para se inteirar de mais dados e informações.

O religioso recebeu também, em Campo Grande, uma comissão de lideranças Terena, povo que mantém luta semelhante aos Guarani Kaiowa e que tem na demarcação de terras o principal entrave para a posse do território tradicional. No ano passado, um ônibus escolar Terena foi atacado com coquetéis molotov. Uma mulher morreu e diversas crianças ficaram gravemente feridas.

 

Fonte: 

Renato Santana

Cimi

Mato Grosso do Sul

 

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