Sitiantes e Moradores do Engenho Una, localizado entre os municípios de Moreno e São Lourenço da Mata-PE, reivindicam do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a desapropriação para fins de Reforma Agrária da área onde vivem desde que nasceram. O Engenho pertence à Usina Bulhões, falida há mais de 4 anos, e possui uma área de 485 hectares. Segundo os próprios moradores, aproximadamente 70% de suas terras encontram-se improdutivas. Hoje (20) pela manhã, uma comissão formada pelos moradores do Engenho encontra-se na Sede do Incra para exigir a vistoria na área.
No Engenho, moram atualmente 35 famílias, quase todas formadas por sitiantes nascidos e criados no local, que há 25 anos está em posse do Grupo da Usina Bulhões, liderado por Roberto Beltrão, atual proprietário. O período em que as terras estão sob o domínio da Usina Bulhões tem sido marcado por pressão e ameaças para que as famílias abandonem o local. Os trabalhadores relatam que já sofreram pressões como destruição de lavouras com tratores, aplicação de veneno nas plantações, a não permissão de plantios nos sítios e de construção de moradias, além de ameaças verbais.
Mas, foi nos últimos meses que as pressões para a expulsão dos sitiantes se intensificaram, diante de um provável contrato de arrendamento das terras para a Usina Petribu. Falida e sem condições de moer, “a Usina Bulhões quer ver a terra livre de posseiros”, afirmam os moradores. A situação de pressão e ameaça transformou ainda mais a rotina dos sitiantes nesse período. Um dos casos de ameaças mais recente aconteceu no último dia 15 de novembro, quando um dos moradores estava levantando sua casa de taipa e foi abordado pelo proprietário da Usina. Na ocasião, o proprietário prometeu derrubar a casa, caso o trabalhador insistisse na construção, afirmando que a terra não era dele. Apesar das ameaças, as famílias afirmam que resistirão para permanecer no local onde sempre viveram. “Minha mãe vive no sítio há mais de 50 anos. Se ela sair daqui não vai conseguir viver em outro lugar. E assim será com todos os agricultores que vivem no Engenho Una. Vivem e plantam aqui há mais de 50 anos”, afirmou um dos moradores que preferiu não se identificar.
O caso que será apresentado ao Incra hoje já foi informado, em novembro, à promotoria da Função Social da Propriedade Rural do Ministério Público Estadual. Os sitiantes também já denunciaram, ao Ministério Público do Trabalho, diversos casos de violações de direitos trabalhistas com moradores do engenho que prestaram serviço no corte de cana-de-açúcar da Usina. A Bulhões acumula um montante de dívidas trabalhistas e de impostos ainda não estimada pelo Ministério Público do Trabalho e por órgãos Federais, mas que deverá ser analisada nos próximos dias, após denuncia dos sitiantes do Engenho Una.
Outros engenhos pertencentes à Bulhões, como o Engenho Várzea do Una, Araújo, Covas e Poço Dantas também já foram reivindicados por trabalhadores rurais sem terra e são alvos de desapropriação para fins de Reforma agrária.
Diante da situação de pressão e ameaças, as famílias esperam que o Incra atue em caráter de urgência para garantir a vistoria e desapropriação do imóvel e que com isso, os sitiantes possam ter direito ao título de suas terras para viver e trabalhar com dignidade.
Outras informações:
Comissão Pastoral da Terra
Plácido Júnior
Fone: (81) 9774.5520
Renata Albuquerque
Fone: (81) 9927.9589