Com o tema “Ouviu os clamores do meu povo” e o lema “Libertar a terra, preservar a vida”, os romeiros cantaram e fizeram reflexões
Mais de duas mil pessoas, da região da Arquidiocese da Paraíba, participaram da vigésima segunda Romaria da Terra, realizada da noite de sábado para domingo (22 e 23) com uma caminhada de 14 quilômetros, entre os municípios de Alhandra e Caaporã, no litoral Sul da Paraíba.
Com o tema “Ouviu os clamores do meu povo” e o lema “Libertar a terra, preservar a vida”, os romeiros cantaram e fizeram reflexões sobre preservação do meio ambiente e a luta pela terra no litoral Sul, onde famílias de vários assentamentos da reforma agrária estão ameaçadas de perde as terras para instalação de fábricas de cimento.
A romaria saiu da Praça da Matriz de Alhandra, até o assentamento Capim de Cheiro, em Caaporã. Durante o percurso, foram feitas duas paradas, uma no Distrito de Cupiçura,em Caaporã e a outra na praça de eventos, na cidade de Caaporã, onde os romeiros cantaram e refletiram sobre a preservação do meio ambiente.
A missa, que deu início à romaria, foi presidida pelo Padre Josenildo, da paróquia São João Batista, no Distrito de Jacumã,Conde. Na mensagem ao povo, o padre Josenildo falou sobre a responsabilidade que cada pessoa tem com as lutas do dia a dia. Depois destacou o papel dos governantes, que deveriam olhar mais e terem maior responsabilidade com vida do povo que está na terra e tira dele o sustento.
O padre disse ainda que os governantes deveriam ter mais políticas públicas que melhorassem as condições das famílias, e não apoiar projetos privados que beneficia o grande capital privado. Para povo de Deus, o padre incentivou a continuar com luta por melhores dias, sem desanimar com as dificuldades e as adversidades da vida.
Para as igrejas, o padre Josenildo chamou a atenção para o anúncio à denúncia que são o papel do verdadeiro profeta seguidor de Jesus Cristo. Ele falou fundamentado na leitura de Lucas 6:20-26. “E, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir.
Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem. Folgai nesse dia, exultai; porque eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas. Mas ai de vós, ricos! Porque já tendes a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis. Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas”.
Agradecimento e renovação do compromisso com a luta
A romaria terminou no assentamento Capim de Cheiro, com a uma manifestação de agradecimento pelo ano de lutas, produção e conquistas dos assentados. Para a irmã Tânia, uma das coordenadoras da CPT, a 22ª Romaria da Terra é um momento onde os agricultores se juntam para celebrar a caminhada de luta pela reforma agrária, agradecendo a Deus pelos frutos da terra. Esse ano, a nossa romaria foi considerada um sucesso. Serviu para que fosse feita uma reflexão sobre a ameaça de implantação de uma fábrica de cimento na grande Mucatu, considerada um dos principais celeiros da agricultura familiar na Paraíba e uma das áreas de assentamento mais antigas do estado.
Para o deputado estadual Frei Anastácio (PT), que também participou de toda programação, a Romaria da Terra, além de servir para agradecer, também representa um momento para renovar as forças e o compromisso com as lutas da terra e pela terra. Hoje, as duas principais lutas no litoral da Paraíba são em Ponta de Gramame,na capital,onde 35 famílias estão ameaçadas de despejo e na grande Mucatu,em Alhandra,Conde e Pitimbu,onde existe projeto de instalação de fábricas de cimento.Uma das fábricas já está destinada ao assentamento João Gomes,em Alhandra.
Fonte: http://www.diariopb.com.br/romaria-da-terra-2011-reune-mais-de-duas-mil-pessoas/