Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Artigo

A Chapada do Apodi, localizada entre os estados do Rio Grande do Norte e Ceará, é conhecida pela riqueza dos seus solos, diversidade das atividades produtivas e pelo potencial da agricultura familiar.

O projeto de formação pela experimentação em Manejo da Caatinga, executado pelo Centro TERRA VIVA, em conjunto com outras entidades parceiras (Sertão Verde, Coopervida, ATOS, Centro Padre Pedro, Ceacru), é financiado pelo Projeto Dom Helder Câmara/Projeto Sertão/MDA, e visa dar suporte ao aprendizado dos agricultores (as) dos assentamentos e comunidades da agricultura familiar em áreas experimentais de Manejo da Caatinga e apoiar a disseminação desta prática sustentável nos municípios do Território da Cidadania Sertão do Apodi.


Paulo Segundo e Silva*


 

As áreas manejadas estão em plena expansão. O número de unidades experimentais de manejo sustentável da caatinga para convivência com o Semi-árido, avança cada vez mais nas comunidades e assentamentos, até inicio de agosto de 2011, já foram implantadas cerca de 101 unidades e a tendência é de que mais e mais agricultores passem a adotar essa técnica em suas áreas.

 Na região, historicamente a vegetação nativa foi e continua sendo explorada de forma depredatória contribuindo para a destruição de espécies vegetais e animais, intensificando ainda mais os processos de desertificação e empobrecimento dos recursos naturais e das comunidades rurais.

Esse cenário começa a mudar. Instituições de assessoria técnica, agricultores (as) experimentadores estão reinventando seu modo de usar os recursos naturais do fragilizado bioma caatinga. Cerca de 101 agricultores e suas famílias, passam a manejar a caatinga de forma agroecologica para garantir a sua sustentabilidade e complementação de sua renda. As arvores já não são arrancadas pelas raízes e sim manejadas para a produção de frutas, forragem, varas, estacas, mourões e criação de animais.

O manejo da caatinga tem contribuído para conscientizar agricultores (as) acerca do uso sustentável dos recursos naturais da caatinga, geração de renda de forma sustentável e melhoria de vida.

As primeiras mudanças significativas já estão sendo observadas: substituição do desmatamento total das áreas, não utilização do fogo, melhoria da cobertura e proteção dos solos, preservação da matéria orgânica, aumento na produção de mel, preservação de árvores e adequação da quantidade de animais ao suporte forrageiro existente.

A produção de frutas a partir do plantio de frutíferas nativas nessas áreas é outra novidade que deverá num futuro breve garantir a diversificação da produção e o incremento de renda.

O aumento na produção de forragem para a criação animal já é observada pelas famílias que entusiasmadas com os primeiros resultados esperam um maior apoio para ampliação de seu extraordinário trabalho de preservação e uso sustentável. A apicultura foi à atividade que deu os resultados que mais entusiasmam com o aumento da produção de mel nas áreas experimentais quando comparadas com colméias em áreas não manejadas ou próximas a projetos irrigados com alto uso de venenos.

A adoção e ampliação das áreas do manejo da caatinga tende a fortalecer cada vez mais a produção de carne, leite e mel, na região consolidando em breve o município de Apodi como o maior produtor de mel do Nordeste e por que não do Brasil.

A agricultura familiar demonstra em Apodi e região, sua viabilidade quando temos bons projetos, incentivo econômico, políticas públicas, assessoria técnica e quando os agricultores (as) são chamados a construir de forma participativa, democrática e de modo sustentável.

Provam com isso ser possível produzir alimentos de forma agroecologica e de se conviver com o Semi-árido.

 


*Paulo Segundo e Silva, Engenheiro Agrônomo,

Coordenador do Projeto Manejo da Caatinga/Centro TERRA VIVA

Território Sertão do Apodi.

 

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