Acontece nesta próxima terça-feira, dia 29, na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do município de Apodi (RN), o Seminário Estadual sobre os Impacto do agronegócio/agrotóxicos na saúde, no trabalho e no ambiente. O objetivo da atividade é reunir movimentos sociais, entidades, comunidades atingidas pelos Grandes projetos instalados na região, estudantes e pesquisadores para ampliar a discussão sobre o tema e pensar ações que visem o combate à utilização dos agrotóxicos no estado do Rio Grande do Norte.
No Seminário, estão programadas mesas redondas sobre a temática e ao final do dia, será realizado um ato público, com uma caminhada pelas ruas da cidade de Apodi, para denunciar o agronegócio e os agrotóxicos e em defesa da Vida. A Atividade está sendo realizada pelo STR Apodi, Comissão Pastoral da Terra PT RN, ASA Potiguar, GVAA (Grupo Verde de Agricultura Alternativa), Núcleo TRAMAS (Trabalho, Meio ambiente e Saúde para a Sustentabilidade) da UFC (Universidade Federal do Ceara) e pelo Grupo de Pesquisa Marcos Teóricos Metodológicos Reorientadores da Educação e do Trabalho em Saúde da UERN (Universidade Estadual do RN), com o apoio da Heifer.
Contra os Agrotóxicos e em defesa da Soberania Alimentar - A realização deste seminário surge em um contexto de mobilização nacional contra a utilização dos agrotóxicos no país e pela produção de alimentos saudáveis, em defesa da Soberania Alimentar. Um exemplo disto é a realização de uma campanha nacional permanente contra os agrotóxicos e pela Vida, pautada pelas organizações que compõem a Via Campesina no Brasil. A campanha pretende estimular o debate sobre os danos causados à saúde e ao meio ambiente, a partir da utilização desenfreada dos agrovenenos. Para a Via Campesina, esses prejuízos ainda são desconhecidos pela maioria da população e pouco discutidos na sociedade. Desde 2008, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Grandes empresas utilizam tanto veneno em suas produções que até produtos proibidos em outros países são utilizados livremente no país. De acordo com o último Censo agropecuário, realizado em 2006, cerca de 80% dos grandes proprietários rurais usam veneno em suas plantações. Só em 2009, foram mais de 1 bilhão de litros de veneno utilizados nas lavouras do Brasil. As consequências para a saúde da população do campo e da cidade são desastrosas. Para as entidades que organizam o Seminário, as altas taxas de consumo estão relacionadas ao modelo de produção implementado no país, o agro-hidronegócio.
Contexto da Região do Apodi - Está previsto para ser instalado na Chapada do Apodi (RN) um perímetro irrigado com capacidade para irrigar até 10 mil hectares destinado à fruticultura. Esse projeto, patrocinado pelo Governo Federal através do DNOCS, é uma extensão do perímetro irrigado de Limoeiro e Russas no Ceará – que compreende também a Chapada do Apodi. No CE, as comunidades afetadas por este perímetro irrigado praticamente desapareceram, apenas algumas famílias permanecem resistindo e sofrendo as consequências deste projeto que avança a partir de uma intensa utilização de agrotóxicos.
Recentemente, um grupo de pesquisadores do Núcleo Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade (Tramas), da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizou uma pesquisa que identifica os problemas ambientais e de saúde nas comunidades do Baixo Jaguaribe, que estão expostas à contaminação ambiental e aos agrotóxicos. O resultado é assustador: foi identificado uma grande incidência de pessoas acometidas de câncer, com registros de várias mortes ligadas ao contato com os agrotóxicos, contaminação do lençol freático, contaminação do solo, alimentos, etc.
Na região da Chapada do Apodi, além de afetar a saúde das famílias, o avanço do agronegócio e dos agrotóxicos agem violentamente contra os que lutam em defesa do meio ambiente e das comunidades atingidas. Foi nesta região que em 21 de abril de 2010, o trabalhador rural e ambientalista, José Maria Filho foi assassinado. O crime está sendo relacionado ao fato de ele ter denunciado inúmeras vezes a degradação provocada pelas grandes empresas que lá estão instaladas.
Para Antônio Nilton, da Equipe da CPT em Mossoró, “já precavendo o que poderá vir a acontecer na região, estamos contribuindo com a mobilização das famílias que poderão ser afetadas e a população em geral para combater os danos que esse modelo provoca”. O integrante da CPT enfatiza ainda que “em contraposição a este cenário, nas comunidades da chapada do Apodi estão ocorrendo diversas experiências bem sucedidas de agricultura familiar, agroecológicas, nos assentamentos e nas comunidades." Apicultura e caprinocultura manejada, manejo da caatinga, hortas orgânicas, produção de polpas de frutas da região de forma agroecológica, sem utilização de venenos, são alguns desses exemplos e que poderão desaparecer caso este Projeto seja instalado.
Serviço:
O que: Seminário Estadual sobre os Impacto do agronegócio/agrotóxicos na saúde, no trabalho e no ambiente
Quando: Terça-feira, dia 29 de março, a partir das 8h30.
Onde: Sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi
Outras informações:
Comissão Pastoral da Terra
Antônio Nilton Júnior
Fone: (84) 9971.4510
PROGRAMAÇÃO:
8:30h – Mesa de Abertura
9:00h – Vozes do território: a realidade da vida no campo em Apodi, Açu e Baraúna
10:00h – Mesa Redonda: Impacto do agronegócio/agrotóxicos na saúde, no trabalho e no ambiente.
Convidadas:
Drª Raquel Rigotto – Médica do Trabalho, Doutora em Sociologia, Professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Coordenadora do Núcleo TRAMAS – Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade – UFC.
Drª Andréia Lessa – Engenheira Química, Doutora em Engenharia Química , Professora do Instituto Federal do Rio Grande do Norte.
11:00h – Debate
14:00h – Ato Público Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Setor de comunicação da Comissão Pastoral da Terra - Regional NE II