Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Lançado no dia 16, na Itália, o Livro “Imagens da Resistência – Resistir para Existir, revela uma realidade pouco conhecida no Brasil e no mundo: o Brasil dos camponeses e camponesas que lutam por suas terras e territórios, resistem e teimam em existir. Para contar essa história: imagem e poesia. Junto com as fotografias de Carmelo Fioraso, o livro trás os versos do poeta  camponês paraibano João Muniz, de 29 anos. O poeta nasceu na cidade de Itabaiana (PB), no povoado camponês Mendonça dos Moreiras, vizinho à antiga Fazenda Tanques, que hoje é o assentamento Almir Muniz, onde vive atualmente. Essa região foi marcada historicamente por duas culturas: a da poesia popular, radical em sua clareza; e a do latifúndio da cana de açúcar, violento por natureza. 

Desde a infância, junto com centenas de famílias camponesas, João vivenciou a luta pela Terra e o enfrentamento ao monocultivo da cana de açúcar no estado. O assentamento onde vive foi conquistado a partir da organização e persistência das  famílias de trabalhadores rurais que nele vivem. A área leva o nome de seu primo, Almir Muniz, assassinado a mando dos Usineiros da Região. Em entrevista à CPT NE II, João Muniz conta que desde criança aprendeu a resistir através da poesia, acompanhando o pai e o tio, poetas, nas feiras e festivais de várias cidades na região. Através das poesias apresentadas no livro, João Muniz conta a história de resistência de centenas de comunidades camponesas contra o latifúndio, seus valores e sua cultura. Confira a entrevista:

CPT NE II- Como você está se sentindo ao ver sua poesia romper as barreiras e mostrar a realidade do campo brasileiro em outros paises?

João Muniz - Algumas vezes acho que nem é verdade, porque sou um simples agricultor, camponês paraibano. Nunca pensei em lançar minhas poesias, não havia planejado isso, mas sempre busquei fazer com que meus versos tocassem e sensibilizassem as pessoas sobre a luta pela terra no nosso país, sobre a cultura camponesa. Sinto-me muito feliz porque o livro pode fazer com que isso aconteça: fazer com que outras pessoas e outras realidades conheçam nossa cultura e nossa luta.

 

CPT NE II - Como a poesia entrou na sua vida?

JM - Meu pai, João Muniz da Cruz, conhecido como João Rosa, foi poeta. Foi acompanhando ele nas feiras, festivais e recitais, desde os 8 anos de idade, que tomei gosto pela poesia. Fomos em vários encontros de poetas populares da Paraíba, nas cidades de Sapé, Mojeiro, Itabaiana, Bayeux e até em Pernambuco, em Olinda. Meu pai foi o grande poeta que me espelhou, junto com o meu primo, também poeta, Manoel Muniz e Antonio Augusto, mestre e companheiro de poesia de meu pai por mais de 30 anos. Eu ficava só observando, porque diante de tanta sabedoria do meu pai e dos outros poetas, minha voz se calava. Só aos 17 anos, quando meu pai morreu, escrevi minha primeira poesia:

 

De papai eu tenho o nome

Que eu herdei com carinho

João Rosa Pai se foi

Ficou João Filho sozinho

Mas vou seguir seus passos

Trilhando os mesmos caminhos

 

CPT NE II- Como surgiu a ideia de sua participação no livro “Imagens de Resistência”?

JM - Sou de uma área de assentamento acompanhada pela CPT na Paraíba. Em 2004, quando entrei para o curso de pedagogia da Terra, comecei a recitar minhas poesias e a partir daí, a participar de várias atividades culturais quando a CPT sempre me chamava. Durante a realização da III Assembleia da CPT, em julho de 2010, na Paraíba, recitei várias poesias feitas na hora sobre os desafios do campesinato no Brasil, o território e cultura camponesa. Foi uma forma de ajudar, com a poesia, nas reflexões e debates que estavam sendo feitos sobre as perspectivas do campesinato para os próximos anos. Foi ali que Carmelo conheceu os meus versos e um mês depois chegou na minha casa e perguntou se poderia escrever as poesias. Ao ver o ensaio do livro, vi que com os versos poderia dar voz às imagens, e assim contribuir para o entendimento desta realidade tão complexa.

CPT NE II- Suas poesias falam de uma realidade pouco conhecida no Brasil e também no mundo: a história dos que lutam e resistem contra a violência do latifúndio, a história de milhares de camponeses e camponesas, comunidades tradicionais, sem terras...

JM - A partir do momento em que vivemos uma história, não há como não mostrá-la em seu trabalho: a luta pela terra, a Reforma Agrária, a resistência das comunidades camponesas. No nosso assentamento nós buscamos resgatar, através da mística que a poesia tem, a memória das lutas de nossas famílias, a necessidade de organização dos trabalhadores e trabalhadoras para transformar a realidade de exploração no campo e animar a luta pela Reforma Agrária. Hoje em dia, nós vemos que a maioria das pessoas não valorizam mais a poesia popular. Há anos, nós ainda viamos atrações como cantorias, procissão, recitais. Hoje, a mídia (televisão, celular etc.) impregna a vida das pessoas com cultura do consumo e mostra  que a cultura camponesa não tem mais valor.

CPT NE II– E quais são as perspectivas de ações para transformar essa realidade, principalmente com os jovens camponeses e camponesas?

JM - Temos que refletir sobre qual o papel que a educação tem nisso tudo. A educação do campo deve valorizar todos os aspectos da cultura camponesa e valorizar suas lutas. É preciso trabalhar nas escolas a poesia popular. Assim, vamos fortalecer a história de um povo que luta e valorizar as comunidades camponesas. Tenho um sonho de um dia fazer um encontro de poetas, juntar todos os jovens poetas dos assentamentos, como no tempo do meu pai, para apresentar suas poesias e construir a história da luta camponesa.

 

Algumas poesias:

 

Um mar de cana plantada - Resistir

Resistir para existir

Persistência neste chão

Deserto verde da cana

Promovendo escravidão

Vejo além do infinito

O céu tão alto e bonito

Um sonho de liberdade

Casebre que se abandona

Na cana que aprisiona

A cruel realidade

 

Um mar de cana plantada

Representa o egoísmo

Dos loucos do crescimento

Do monstro capitalismo

E o cortador de cana

Tem sua vida tirada

Explorado pelo patrão

Qual seu crime, seu pecado

Seu semblante amargurado

Vendo as grades da prisão

 

Na casa simples que mora

A família sentindo fome

Com as panelas vazias

Não tem comida, não come

A cana mostra o caminho

Cheio de pedra e espinho

Sinistro, triste um mistério

Vai migrando o nordestino

Quase sempre o seu destino

E seguindo o cemitério.

 

Alguns meses de esforço

Corta cana todo dia

Olhando pra o horizonte

Quase não sente alegria

Resta o deserto sem nada

Segue pra outra jornada.

Migra, deixa seu torrão

alongamento fieis

fumaça das chaminés

revela poluição.

 

Homens, mulheres, crianças

Na busca do alimento

Se tornam reféns da cana

Pouco ganham pra o sustento

Mulher forte aguerrida

Finda-se o dia, não a lida

Pois a noite ela trabalha

Lavar roupa, cozinhar

O dia tá pra chegar

E recomeça a batalha.

 

Sem nenhuma perspectiva

Vítimas da prepotência

Resistir para existir

Persistir na insistência

Por vida, paz, liberdade

Direitos e felicidade

Sonhos de amor verdadeiro,

Mas a cana predomina

Violenta e assassina

Neste solo brasileiro.

 

Por justiça e liberdade

Resistir para existir

Um campo organizado

Sonho vivido na luta

Torna-se realizado

A vivência, o aprender

A história, o bem viver

Encontros, reuniões

Vida em comunidade

A prática de liberdade

Real emancipação

 

A comunidade inteira

Na força do movimento

Homens, mulheres e crianças

Produzem conhecimento

Estratégias, discussões

Debates, reuniões

Luta do campesinato

Por justiça e liberdade

Terra, paz e felicidade

Reforma Agrária de fato.

 

Práticas organizativas

Com responsabilidade

Nas palhoças de encontros

De toda comunidade

E vem o povo da roça

Em cima de uma carroça

De bicicleta ou a pé

Seja moto ou como for

Lá chega o agricultor

Na luta com muita fé.

 

Faz Parte desse momento

De encontros e reuniões

Expressões da fé do povo

Com as suas orações

No chão plantada uma cruz

Lembrando o Cristo Jesus

Que morreu crucificado

O camponês do Sertão

É crente na salvação

E remição dos pecados.

 

Quando é dia de encontros

Tem festa e muita alegria

A criançada vibrante

Viaja na fantasia

Tem futebol e vaquejada

Tem a quadrilha animada

Ciranda beleza pura

Poemas, versos, repentes

Violeiros competentes

Cantando a nossa cultura.

 

O camponês é valente

É cabra macho da peste

É forte trabalhador

Na quentura do Nordeste

Ele expressa sentimento

Tem sempre em seu pensamento

Um amor uma paixão

Uma mulher linda e bela

E se encantou por ela

Que laçou o seu coração.

 

 

Terra Mal repartida

 

Resistir para existir

Liberdade em meu País

Que tenha ordem e progresso

Para o povo viver feliz

Ordem é ninguém passar fome

Mas muita gente não come

É o regresso da nação

Progresso é a Reforma Agrária

Cana é cultura arbitraria

Sinônimo de escravidão

Não é justo meu Brasil

Tanta terra concentrada

Poucos dominando tudo

Muitos morrendo sem nada

É o País do egoísmo

Aonde o capitalismo

Nos deixa aprisionado

Lutamos contra a opressão

Pela vitória no chão

Tanto sangue derramado.

 

Reforma Agrária do Campo

Limitar a propriedade

Eis ai a solução

Para a nossa sociedade

Já tem sido comprovado

O camponês dedicado

Com a extensa produção

Produz 70%

De comida pra o sustento

Da nossa população

 

Que o povo camponês

Caminhe em busca da paz

Mesmo sendo diferente

Que sejam todos iguais

Respeito  a diversidade

Terra, casa e liberdade

Saúde e educação

Exercer cidadania

A plena soberania

De norte a sul deste chão.

 

 

Um grito de Liberdade

Entoa neste Brasil

Vamos quebrar as correntes

Deste solo varonil

Terra é mãe, Terra é vida

Ó terra mal repartida

Vamos plantar a semente

No campo fazer germinar

E de fato se tornar

Uma pátria independente.

 

João Muniz

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Biografia de João Muniz

 

JOÃO MUNIZ nasceu na cidade de Itabaiana, Paraíba, no povoado camponês Mendonça dos Moreiras, vizinho à antiga Fazenda Tanques, que hoje é o assentamento Almir Muniz, onde vive. Essa região foi marcada historicamente por duas culturas: a da poesia popular, radical em sua clareza; e a do latifúndio da cana de açúcar, violento por natureza.

 

Foi esta poesia que levou João, desde menino, a acompanhar o pai e o padrinho - poetas-, nas feiras e festivais da cidade.

 

Assim ele aprendeu o ofício. Para as Academias e os salões da tal “elite" latifundiária, poetas como João são desconhecidos, ou melhor, ignorados: não contam "as coisas" do jeito que agrada o opressor.

 

Junto com a poesia popular, João:

- Derruba a cerca da cultura opressora;

- Tira a mascara do "mistério" da doutrina da (do direito sagrado à) propriedade privada;

- Revela o segredo da partilha e da solidariedade.

 

Desde a infância, junto com toda a categoria camponesa, João experimenta na carne a violência - as ameaças, as arbitrariedades, as perseguições - sem a qual o modelo do monocultivo não funciona.

 

Foi esta violência do latifúndio que ceifou a vida de seu primo, ALMIR MUNIZ. Assassinado pelo usineiro da região, o corpo dele não foi devolvido à família. Até Pilatos devolveu o corpo de Jesus... O latifúndio, não.

 

Quantos poetas, pintores, escritores – Antônio, João, Maria, José, Luiz... - foram ceifados das fileiras da classe camponesa pelo nefasto modelo monocultivo latifundiário?

João vive, celebrando a poesia;

João trabalha, cuidando da terra e dos versos;

João produz, alimentando o corpo e o espírito;

João semeia, construindo a utopia na certeza de que os frutos virão.

 

Ele está em Terra Conquistada: o assentamento Almir Muniz é o que mais produz alimentos no estado da Paraíba, e também poesia.

 

Seus versos são um convite para enxergar outra vez a realidade e FAZER A HISTÓRIA!

 

 

 



 

 

1

Um mar de cana plantada - Resistir

 

Resistir para existir

Persistência neste chão

Deserto verde da cana

Promovendo escravidão

Vejo além do infinito

O céu tão alto e bonito

Um sonho de liberdade

Casebre que se abandona

Na cana que aprisiona

A cruel realidade

 

Um mar de cana plantada

Representa o egoísmo

Dos loucos do crescimento

Do monstro capitalismo

E o cortador de cana

Tem sua vida tirada

Explorado pelo patrão

Qual seu crime, seu pecado

Seu semblante amargurado

Vendo as grades da prisão

 

Na casa simples que mora

A família sentindo fome

Com as panelas vazias

Não tem comida, não come

A cana mostra o caminho

Cheio de pedra e espinho

Sinistro, triste um mistério

Vai migrando o nordestino

Quase sempre o seu destino

E seguindo o cemitério.

 

Alguns meses de esforço

Corta cana todo dia

Olhando pra o horizonte

Quase não sente alegria

Resta o deserto sem nada

Segue pra outra jornada.

Migra, deixa seu torrão

alongamento fieis

fumaça das chaminés

revela poluição.

 

 

Homens, mulheres, crianças

Na busca do alimento

Se tornam reféns da cana

Pouco ganham pra o sustento

Mulher forte aguerrida

Finda-se o dia, não a lida

Pois a noite ela trabalha

Lavar roupa, cozinhar

O dia tá pra chegar

E recomeça a batalha.

 

Sem nenhuma perspectiva

Vítimas da prepotência

Resistir para existir

Persistir na insistência

Por vida, paz, liberdade

Direitos e felicidade

Sonhos de amor verdadeiro,

Mas a cana predomina

Violenta e assassina

Neste solo brasileiro.

 

 

 

2

Não calar com o sofrimento

 

Resistir para existir

Não calar com o sofrimento

A opressão fundiária

Destruindo acampamento,

As forças que se renovam

A luta tem sido a prova

A trajetória sofrida

Como prêmio e recompensa

Por coragem e resistência

Assentamento é vida.

 

A pedagogia da luta

Ensina os trabalhadores

A história de um povo

A cultura, os valores

Partem para o enfrentamento

De opressores violentos

Com fé, força e lealdade

Lutar com dedicação

Faz a vitória do chão

Razão de felicidade.

 

3

Nos caminhos do sertão

 

Nos caminhos do Sertão

Sol ardente do nordeste

Resistir para existir

Terra de cabra da peste

Lutadores, companheiros

Uns dos outros são vaqueiros

Na vida de agricultor

Meu Sertão quanta beleza

Contemplando a natureza

Paisagem do interior.

 

O azul do céu e das águas

O rosto sério, o sorriso

A criança, a natureza

É belo meu paraíso

Camponês que humildade

Com sua simplicidade

Tem sua filosofia

Viajando nesta emoção

Paisagem do meu sertão

És a melhor poesia.

 

Suas casinhas de palha

E as taperas de barro

Tem a carroça de boi

Também tem o boi de carro

Toda a família feliz

Personagens de um pais

Autores de sua história

Montando acampamento

Dando vida ao movimento

Reconquistando a vitória.

 

As sombras dos arvoredos

Cavalos pra montaria

O cantar dos passarinhos

Açudes pra pescaria

É a vida do sertanejo

E o seu maior desejo

É cultivar esse chão

Chapéu de couro e de palha

Seguindo nesta batalha

Das lutas do meu sertão.

 

A casa do camponês

Com bela ornamentação

Fogão de barro a lenha

Panelas sobre o fogão

Fotografias na parede

Uma mesa, uma rede

Tamborete pra sentar

Um jumento, uma cangaía

Uma casinha de palha

O lugar bom de morar.

 

A criançada estudando

Futuro desta nação

O campo exemplo de vida

Também de educação

Camponês agricultor

Honesto trabalhador

Humilde com sua essência

Mesmo não tendo estudado

É professor no roçado

Ensina com experiência.

 

 

4

Por justiça e liberdade

 

Resistir para existir

Um campo organizado

Sonho vivido na luta

Torna-se realizado

A vivência, o aprender

A história, o bem viver

Encontros, reuniões

Vida em comunidade

A prática de liberdade

Real emancipação

 

A comunidade inteira

Na força do movimento

Homens, mulheres e crianças

Produzem conhecimento

Estratégias, discussões

Debates, reuniões

Luta do campesinato

Por justiça e liberdade

Terra, paz e felicidade

Reforma Agrária de fato.

 

Práticas organizativas

Com responsabilidade

Nas palhoças de encontros

De toda comunidade

E vem o povo da roça

Em cima de uma carroça

De bicicleta ou a pé

Seja moto ou como for

Lá chega o agricultor

Na luta com muita fé.

 

Faz Parte desse momento

De encontros e reuniões

Expressões da fé do povo

Com as suas orações

No chão plantada uma cruz

Lembrando o Cristo Jesus

Que morreu crucificado

O camponês do Sertão

É crente na salvação

E remição dos pecados.

 

Quando é dia de encontros

Tem festa e muita alegria

A criançada vibrante

Viaja na fantasia

Tem futebol e vaquejada

Tem a quadrilha animada

Ciranda beleza pura

Poemas, versos, repentes

Violeiros competentes

Cantando a nossa cultura.

 

O camponês é valente

É cabra macho da peste

É forte trabalhador

Na quentura do Nordeste

Ele expressa sentimento

Tem sempre em seu pensamento

Um amor uma paixão

Uma mulher linda e bela

E se encantou por ela

Que laçou o seu coração.

 

 

5

É vida que gera vida

 

Na luta do dia a dia

O Nordestino

Tino guerreiro

O agricultor põe comida

Na mesa do brasileiro

Vai pra roça todo dia

No peito muita alegria

Com fartura e produção

Alimento à liberdade

No campo dignidade

Do Litoral ao Sertão.

 

Tendo terra, tem fartura

Tem comida pra o sustento

É crescente a produção

Em vários assentamentos

Milho, batata e feijão

Mandioca, pimentão

Inhame e macaxeira

Jerimum, coentro e tomate

Alimentos que fazem parte

Da cultura brasileira.

 

Fruteiras do nosso campo

Gostoso deliciar

Doce suco de caju

Mousse de maracujá

Tem coqueiro, bananeira

Jaca, abacate, mangueira

Tem goiaba e graviola

Laranja, cajá, mamão

tem melancia e melão

Saputi e acerola.

 

Terra, chuva e semente

Sinônimo de produção

É vida que gera vida

Na vida do meu Sertão

Como é que existe a fome

Tanta gente que não come

Torna-se um mundo infeliz

Por que se o Brasil da gente

Tem terra o suficiente

Pra dar mais vida ao País.

 

 

CONCLUSÃO

Terra Mal repartida

 

Resistir para existir

Liberdade em meu País

Que tenha ordem e progresso

Para o povo viver feliz

Ordem é ninguém passar fome

Mas muita gente não come

É o regresso da nação

Progresso é a Reforma Agrária

Cana é cultura arbitraria

Sinônimo de escravidão

 

Não é justo meu Brasil

Tanta terra concentrada

Poucos dominando tudo

Muitos morrendo sem nada

É o País do egoísmo

Aonde o capitalismo

Nos deixa aprisionado

Lutamos contra a opressão

Pela vitória no chão

Tanto sangue derramado.

 

Reforma Agrária do Campo

Limitar a propriedade

Eis ai a solução

Para a nossa sociedade

Já tem sido comprovado

O camponês dedicado

Com a extensa produção

Produz 70%

De comida pra o sustento

Da nossa população

 

Que o povo camponês

Caminhe em busca da paz

Mesmo sendo diferente

Que sejam todos iguais

Respeito  a diversidade

Terra, casa e liberdade

Saúde e educação

Exercer cidadania

A plena soberania

De norte a sul deste chão.

 

 

Um grito de Liberdade

Entoa neste Brasil

Vamos quebrar as correntes

Deste solo varonil

Terra é mãe, Terra é vida

Ó terra mal repartida

Vamos plantar a semente

No campo fazer germinar

E de fato se tornar

Uma pátria independente.

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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