Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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Uma das notícias que ultimamente tem tido bastante destaque na região do Pajeú, no Sertão de Pernambuco, é a da implantação de uma unidade produtora de cimento da mineradora Vale do Pajeú. Dizem na região que o investimento inicial para a implantação de uma unidade no município de Afogados da Ingazeir é de 25 milhões de reais e estima-se que a produção chegará em torno de 2,5 milhões de sacos de cimento/ano, com uma jazida de calcário estimada em 53 milhões de toneladas. A expectativa de faturamento anual chega a 30 milhões de reais. Os municípios em que haverão extração de calcário serão Carnaíba, Flores e Solidão.

 


Em uma fábrica de cimento, a demanda de reservas de água é muito grande. Há a discussão que a adutora que está sendo concluída em Carnaíba (a do Caruá ou Zé Dantas) venha a suprir essa necessidade. Mas também sabemos que a energia é o que mais se consome para se produzir cimento. Energia motriz para moer o calcário e energia calórica para fazer funcionar os fornos de altíssima temperatura.

As famílias de Santa Rosa, município de Carnaíba, não estão satisfeitas com essas explorações de minérios na região. “Indenizaram meu primo. O preço das terras dele foi 16 mil reais, mas até agora só entregaram um cheque no valor de cinco mil. A secretaria de agricultura de Carnaíba veio na região e disse que temos que sair mesmo daqui. Ainda não iniciaram os trabalhos, só no canteiro de obras. Meu pai está com 72 anos, nasceu e viveu aqui e agora tem que deixar essa terra. Já perfuraram três poços para abastecimento de água no canteiro de obras.” Comentou Maria de Lourdes do sítio Santa Rosa, em Carnaíba.

Sabemos da discussão do Consórcio de Prefeitos da Região do Pajeú em relação a necessidade de puxar um braço de água do canal da Transposição do Rio São Francisco; Sabemos do Canal do Sertão que está na fase de implementação; e, sabemos de mais outros grandes projetos que estão sendo executados em Pernambuco, como a Transnordestina. Por isso, para o grande capital há necessidade de mais uma fábrica de cimento, mais exploração de minérios, mais exploração de trabalhadores e mais expulsão de centenas de famílias de suas terras.

“O povo acha essa firma esquisita, até agora não conversaram com ninguém, mas sabemos que vamos ter que sair”, relatou Maria de Lourdes. As famílias que serão atingidas não sabem de nenhuma informação sobre a exploração de minérios da região e não foram comunicadas sobre os danos que podem sofrer, nem sobre os danos que poderão ser provocados ao meio ambiente.

Com justiça e profecia na luta do povo!

 



Denis Venceslau
Agente da CPT Pajeú.

 

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