Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Internacional

No último dia 28 de outubro, foi iniciada no estado de Apure, Venezuela, a colheita de arroz agroecológico no plantio da Empresa Socialista Agroecológica Marisela (ESGA). A produção é resultado da assessoria técnica em cultivo de arroz agroecologico entre a Esga e plantadores de arroz em assentamentos MST no Brasil. A socialização das técnicas foi possível graças a um acordo assinado entre a Cooperativa do MST Brasil e a República Bolivariana da Venezuela. O acordo inclui, além de assessoria ao plantio de arroz, intercâmbios e formação politica entre os participantes.



A Empresa Agroecológica Marisela iniciou a experiencia de arroz agroecológico, em março de 2009, em alguns campos de demonstração. A colheita experimental se deu em setembro daquele ano e demonstrou que era possível plantar arroz no estado de Apure, região onde predomina a pecuária.


Em 2010, foram plantados cerca de 150 hectares de arroz e, nesta primeira etapa serão colhidos 50 hectares. Para Josué Salinas, engenheiro agrônomo responsável pela área da diversificação na agricultura, “o plantio de arroz, com a assessoria do MST repassou técnicas, métodos de controle de plantas daninhas e manejo de solo, que foram indispensáveis para o sucesso da experiência.” Conforme Josuel, “nunca foi plantado arroz na Sabana e a experiência comprovou que o grão pode germinar na área da Empresa Marisela, no estado de Apure. Já no primeiro de dia colheita, foram apanhados cerca de 15 hectares de arroz, o que equivale a uma produtividade de 4 toneladas por hectares.”


Nelson Serano, trabalhador da Empresa, afirma que os antigos donos nunca se preocuparam com a melhoria do rebanho de gado, nem com a diversificação da produção. Agora, além do plantio de arroz agroecológico, também tem o plantio de melancia, melão, milho, macaxeira, feijão e o reflorestamento da área onde houve desmatamento e manejo agroecologico do rebanho.


Na Marisela também se realizados encontros de formação política e ideológica, com assessoria da brigada do MST na Venezuela. Alexandre Conceição, coordenador da brigada do MST, “O mais importante é que os camponeses que viviam como escravos tiveram a chance de acesso à terra. É um direito concedido pela Revolução Bolivariana.” Segundo ele, o governo está assegurando não apenas a cessão das terras, mas a oportunidade para os camponeses viverem com dignidade e promover experiências que fortaleçam a construção da soberania alimentar na Venezuela. “O MST se orgulha de estar contribuindo para compartilhar conhecimentos técnicos e proporcionando a formação política das famílias que vivem em terras que foram expropriadas”, afirma.


História da Marisela


Antes de ser expropriada, a empresa não garantia aos seus 102 trabalhadores os direitos trabalhistas e sociais. A maioria dos empregados ganhavam menos que um salário mínimo e nenhum deles tinham carteira assinada, nem registro no Instituto Venezuelano de Segurança Social. Todos viviam sob péssimas condições de moradia e não tinham acesso à água potável. Além disso, a empresa cometia crimes ambientais com o uso de agrotóxicos proibidos, desmatamento e inclusive assassinatos de trabalhadores.

A expropriação da empresa, em setembro de 2008, justamente por não cumprir sua função social, mudou seu curso na história. Para José Gavidia, trabalhador da Marisela, que participou de todo o processo do plantio do arroz, “a colheita é resultado de um esforço coletivo para levar comida de qualidade a preços baixos ao povo venezuelano”. José afirma ainda que “o processo da Marisela traz muita esperança e brilho aos olhos do povo venezuelano.”

 

De Marluce Melo, da CPT NE II

 

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