Mesmo o acampamento Flor do Bosque II ter as condições necessárias para se tornar um assentamento, e o interesse da proprietária em vender o imóvel, foi determinada a reintegração de posse
As 17 famílias que recebem o apoio da Comissão Pastoral da Terra e moram há três anos no acampamento Flor do Bosque II em Messias, estão passando por mais um drama. Mesmo sendo uma referência no Estado, o Juiz Agrário Ayrton Tenório da Vara Agrária determinou novamente a reintegração de posse, que pode ocorrer nesta quinta-feira (05.08).
A área possui 120 hectares, são terras abandonados pela usina falida Bititinga e que atualmente encontra-se explorada pela Usina Santa Clotilde, porém, legalmente não detém poder algum. A verdadeira proprietária do imóvel, Amarides Henrique de Araújo já apresentou o auto de arrematação em um leilão, que confirma o poder de compra no dia 04 de dezembro de 2009, e já efetuou algumas parcelas de pagamento. Além disso, foi protocolado um pedido de suspensão da liminar de reintegração de posse e ela se colocou a disposição em negociar o imóvel com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-AL) e beneficiar as famílias.O Bosque II já tem casas de alvenaria com energia elétrica distribuídas em lotes de cinco hectares e desde o ano passado implantaram uma associação provisória que busca melhorar a infra-estrutura e intensificar os cuidados com o meio ambiente, inclusive, conseguiram junto à Prefeitura o transporte para levar as crianças até a escola. Porém, no mês passado, 200 policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Gerenciamento de Crises da Polícia Militar estiveram no local para efetivar a reintegração de posse do imóvel e expulsar as famílias das terras, as famílias resistiram e depois ocorreu a suspensão.
“No momento onde centenas de famílias alagoanas encontram-se desabrigadas e estão passando por inúmeras necessidades, é um absurdo saber que essas famílias camponesas e grandes produtoras podem ser expulsas da terra. Nós vamos entrar em contato com o Governo do Estado para tomar as providências necessárias, garantir que o despejo seja anulado, diante deste momento tão delicado. E vamos continuar lutando para que os direitos desses camponeses sejam respeitados!”, declarou Carlos Lima, coordenador estadual da CPT-AL.
Produção
A produção agropecuária é bem diversificada, garante a subsistência das famílias e também é vendido em feiras livres. Dentre os alimentos cultivados estão: feijão, feijão de corda, mandioca, milho, abóbora, batata, vários tipos de pimenta, cana caiana, frutas (maracujá, melancia, banana, caju, manga e laranja), hortaliças (tomate, cebola, coentro, pimentão e machiche) e uma pequena criação de animais (cavalo, ovelha e galinha)
Mais informações: (82) 9127-5773 / 9127-2364
Setor de comunicação da CPT de Alagoas