Na manhã desta terça-feira (20.10), integrantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT-AL), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) representada pela Vice-Presidente Lenilda Lima e vários trabalhadores rurais da região prestarão solidariedade às famílias camponesas que ocupam há 1 ano e seis meses, a fazenda Boa Esperança, que encontra-se 7km distante do município de Major Isidoro, no sertão alagoano. Na visita prevista para às 10h, serão entregues cestas básicas para as 28 famílias resistentes no imóvel, que pertence ao Deputado Federal Benedito de Lira (PP/AL). Ainda terá um protesto nas ruas da cidade, para que a população local tenha acesso às informações, saibam da produção agrícola que está sendo desenvolvida e as humilhações sofridas. Além disso, também acontecerá uma visita ao Promotor de Justiça Hamilton Carneiro Júnior e ao Juiz Carlos Aley Santos Melo para que possam intervir nesse conflito agrário e ter maior celeridade no caso.
Desde o mês passado, os agricultores vêm sofrendo duras ameaças. Primeiramente pelo Deputado Estadual Arthur Lira, filho do proprietário, onde afirmou que os barracos seriam derrubados e todos seriam retirados à força. E há duas semanas, apareceu um suposto comprador identificado por Petrucio Barbosa, que juntamente com o genro Henry Sidney Amaral Araújo (Tabelião do Cartório de Ofício de Contas, Protestos, Registro de Imóveis do município) vem rodando a área com motos e carros durante todo o dia. Também retiraram a bandeira da CPT que ficava no acampamento e derrubaram algumas casas de taipa com o auxílio de um trator. No entanto, não existe qualquer documentação no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou na Vara Agrária alagoana, que confirme a representação legal.
Atualmente, tramita na Vara Agrária um processo, onde exige a desapropriação do imóvel, que vinha sendo discutido amigavelmente com o representante do proprietário Benedito Lira. Também foram entregues documentos com os relatos dos fatos ocorridos e exigindo providências junto ao Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) e ao Incra-AL, mas nada foi resolvido ainda.
Retrospectiva
A área foi encontrada em total estado de abandono e durante dez anos, tinha apenas um funcionário responsável em fiscalizar o patrimônio. Durante esse período de ocupação, os barracos foram montados e a produção agrícola incentivada, hoje, os agricultores cultivam o milho, feijão, batata, abóbora, fava, macaxeira e ainda possuem uma pequena criação de animais.
Os coordenadores da CPT buscam o apoio necessário dos órgãos competentes para garantir a integridade física, material e proteção às vidas dos acampados e acampadas. Para isso, foi encaminhado um ofício para as Ouvidorias Agrárias do Incra-AL e Nacional; os Conselhos Estaduais de Direitos Humanos e Segurança Pública; Secretaria Estadual de Defesa Pública; Comissão Estadual de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil; e instituições internacionais que apóiam a luta pela reforma agrária.
Setor de Comunicação da CPT AL