Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

\"\"Relatório sobre violência no campo registra 28 assassinatos em 2008. Interesse de empresas transnacionais em recursos naturais motiva disputas na região amazônica

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nesta terça-feira (28) o relatório "Conflitos no Campo Brasil", referente ao ano de 2008. O lançamento da publicação, elaborada pela entidade desde 1995, ocorreu em Indaiatuba (SP), onde acontece a 47ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

De acordo com o relatório, houve uma queda acentuada no volume de conflitos em relação ao ano anterior. Enquanto em 2007 foram registrados 1538 conflitos, em 2008 esse valor caiu para 1170.

O número de assassinatos, entretanto, se manteve o mesmo, 28, indicando que, apesar de reduzidos, os embates se tornaram mais violentos: em 2007, registrou-se uma morte para cada 54 conflitos; no ano seguinte, a média ficou em morte para cada 42 conflitos.

O documento da CPT mostra, ainda, uma concentração de conflitos na Amazônia. Em 2008, 47% do total de casos ocorreram em território amazônico e, nos conflitos envolvendo terras, esse número chega a 72%.

O estado com o maior número de ocorrências foi o Pará, 245, seguido pelo Maranhão, que teve 101 ocorrências. Mais da metade dos conflitos na Amazônia, segundo o relatório, atingiram diretamente populações tradicionais, evidenciando, para o advogado e membro da CPT José Batista Afonso, o interesse de empresas transnacionais na região, motivadas principalmente pelo aumento dos preços da carne, da soja e de recursos minerais no mercado internacional.

"Isso tem provocado uma corrida violenta dessas frentes de interesse do capital em direção às riquezas da Amazônia, no caso as terras, os minerais e outras riquezas aqui existentes", avalia.

Em relação ao trabalho escravo, as denúncias aumentaram de 265, em 2007, para 280 em 2008. O maior número até então registrado havia sido em 2005, com 276 ocorrências. A atividade pecuária foi a que mais teve denúncias relacionadas, 134 casos, o que representa 48% do total. Foram libertadas 5.266 pessoas, quase a metade delas no setor sucro-alcooleiro.

O relatório também enfatiza a criminalização dos movimentos sociais do campo e de suas lideranças, com destaque para a articulação entre o Ministério Público Estadual (MPE) e o governo gaúcho para pedir a extinção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

 

Fonte: Brasil de Fato

 

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