Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

m 2008, o país fechou o ano com uma safra recorde de grãos de 145,8 milhões de toneladas, 9,5% superior à de 2007. Neste ano, porém, a crise financeira internacional estragou a festa no campo, e a produção deve cair 5,9%, segundo o IBGE.
Se confirmada, esta será a primeira retração desde 2005. Pelos dados do terceiro prognóstico da safra de 2009, realizado em dezembro, serão colhidos 137,3 milhões de toneladas de grãos, cifra 2,5% menor do que a previsão de outubro.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) também prevê uma safra 2008/2009 mais modesta -3,4% inferior à de 2007/2008. Afetada pelo clima adverso, a colheita foi estimada pela entidade em 137 milhões de toneladas. PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO


Já na visão do IBGE, o cenário turvo para os agricultores está ligado à crise. Segundo o técnico Paulo Renato Corrêa, a turbulência provocou uma forte queda dos preços das commodities e desestímulo para o cultivo de produtos como soja, milho e algodão.
Após crescer 3,4% em 2007, a safra de soja, a mais importante do país, deve cair 1,9%. No algodão, o IBGE estima uma retração ainda maior: 15,1%. Para o milho de primeira safra, a expectativa é de uma queda de 11,9% -em 2008, a produção dessa cultura subiu 10,7%.
Para Miguel Biegai, analista da consultoria Safras & Mercados, a situação dos agricultores "é dramática" neste ano. Desde meados de 2008, diz, eles convivem com um cenário de forte retração dos preços no mercado externo -de 30% a 70%, de acordo com o produto.
Não bastasse, acrescenta, os custos de produção se mantiveram altos, com destaque para o aumento dos fertilizantes, que bateu em 56,63% em 2008, segundo a FGV. Resultado: a safra de 2008 sofrerá um forte recuo da produtividade. Segundo Corrêa, as culturas voltadas para o mercado interno, como arroz e feijão, devem se expandir.

 

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