Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Dia 16 de outubro, definido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como Dia Internacional do Direito à Alimentação. A Via Campesina transformou essa data no Dia Internacional em Defesa da Soberania Alimentar, como única forma de garantir o direito à alimentação a todos os povos. Assim, camponeses e camponesas da Via Campesina realizarão diversas atividades em defesa da Soberania Alimentar dos povos, em varias regiões do Estado, entre elas uma feira agroecologica, em Carpina, debate sobre Soberania Alimentar em Universidades e escolas do Recife e da região do Sertão do São Francisco e distribuição simbólica de alimentos. No Recife, a Via Campesina e a Marcha Mundial de Mulheres começam as atividades ás 7h da manha, com panfletagem e distribuição simbólica de alimentos no Bairro de Água Fria. À tarde acontecerá um ato em frente ao McDonald\'s da Rua 7 de Setembro. Um direito sistematicamente violado

A própria FAO admite que o mundo tem pouco a comemorar em relação a garantia do direito à alimentação. Segundo a organização, o número de pessoas com fome no mundo subiu de 850 milhões para 925 milhões em 2008, por causa da disparada dos preços dos alimentos. Durante os sete primeiros meses deste ano os preços dos alimentos aumentaram em 50%. No Brasil, o preço da cesta básica aumentou 25% nos últimos meses, aumentando também a miséria e a fome.

Para a Via Campesina, a única forma de reverter esse quadro e garantir verdadeiramente o direito de todos os povos à alimentação saudável é através da soberania alimentar, ou seja, através do direito e da capacidade dos povos de definir suas próprias políticas agrícolas e produzir alimentos em seus territórios destinados a alimentar suas populações.

E isso só pode acontecer com Reforma Agrária, distribuição das terras e incentivo à agricultura familiar, que é a principal responsável pela produção de alimentos, produzindo mais de 60% de todo o alimento que chega à mesa dos brasileiros. Mesmo possuindo apenas 30% das terras ela produz 78% do feijão, 84% da mandioca, 62% da carne, 71% do leite, 54% do milho, 60% do trigo e 40% de aves e ovos consumidos pelo povo brasileiro. Enquanto que o latifúndio e o agronegócio controlam cerca de 70% das terras do Brasil, usadas principalmente para a produção de cana-de-açúcar, soja e eucalipto exportados  para a Europa e Estados Unidos.

Na Zona da Mata pernambucana, por exemplo, uma das regiões mais pobres do Estado, apenas 2% das terras agriculturáveis são utilizadas para a produção de alimentos. Os outros 98% são tomados por cana-de-açúcar, a grande maioria para exportação.


Direito à Alimentação X Agronegocio


Enquanto o agronegócio avança sobre territórios, produz para o mercado internacional, concentra os investimentos públicos, contamina o meio ambiente, inviabilizando a agricultura familiar, os assentados, pequenos e médios agricultores e camponeses não recebem apoio do governo, quem paga caro são os consumidores que moram nas cidades, em especial os mais pobres.

O Estado, em nome da sociedade, deve desenvolver políticas públicas para proteger a agricultura, priorizando a produção de alimentos e garantindo nossa soberania alimentar: cada município, região e povo precisa produzir seus próprios alimentos, que devem ser sadios e para todos. O nosso país não será autônomo política e economicamente enquanto grandes empresas estrangeiras controlarem a cadeia de produção e comercialização dos alimentos. O alimento é um direito de todo ser humano e não uma mercadoria, como, aliás, já defende a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Isso se chama soberania alimentar. Precisamos promover a consolidação de um novo modelo agrícola, baseado em pequenas e médias propriedades, com a realização da Reforma Agrária, para a produção de alimentos saudáveis e baratos para o mercado interno.


Atividades da Jornada de Luta em Defesa da Soberania Alimentar no Recife:

07:00 h – panfletagem e distribuição simbólica de alimentos no bairro
de Água Fria – Via Campesina e Marcha Mundial de Mulheres
14:00 h – debate sobre Soberania Alimentar na Universidade Federal
Rural de Pernambuco - Via Campesina
15:00 h – ato em frente ao McDonald\'s - Via Campesina, Marcha Mundial
de Mulheres e Assembléia Popular

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Rua Esperanto, 490, Ilha do Leite, CEP: 50070-390 – RECIFE – PE

Fone: (81) 3231-4445 E-mail: cpt@cptne2.org.br