Agricultores da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Pernambuco (Fetraf-PE) ocuparam, na madrugada de ontem, duas fazendas de propriedade do deputado federal Carlos Wilson Campos (PT), no município de Santa Maria da Boa Vista, no Sertão do São Francisco, em Pernambuco. Segundo o dirigente estadual da Fetraf, João Santos, a meta da federação é chegar a 35 ocupações, até o final deste mês. Doze já ocorrem, de acordo com Santos.
"É preciso ousar para avançar com a reforma agrária já que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o governo federal são inoperantes", afirmou João Santos. As fazendas do ex-senador Carlos Wilson, de acordo com a Fetraf, são a Poço do Icó e a Planalto. Segundo Santos, essas terras estão sendo irrigadas pelas águas de uma barragem que transbordou, situada em uma propriedade vizinha. Pelas contas da Fetraf-PE, 110 trabalhadores ocuparam a Poço do Icó e outros 112 estão na fazenda Planalto, onde se preparam para plantar melão, melancia, coco, batata-doce e banana. Duzentos agricultores ligados à federação seguiram, ontem, em quatro ônibus, para fazer parte do Acampamento Nacional da Reforma Agrária, em Brasília, onde estão vários movimentos pela terra.
Na última semana, representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Fetraf-PE se reuniram para definir a situação do Engenho Amazonas, em Escada, na Zona da Mata de Pernambuco. O engenho foi desapropriado pelo Incra em 2005, mas as 56 famílias que foram cadastradas pelo órgão ainda não tomaram posse da área.
Os agricultores da Fetraf denunciaram que a Usina Ipojuca se apropriou da área. Na reunião, a direção do Incra decidiu encaminhar para a Justiça Federal o pedido de reintegração de posse do engenho. "O resultado da reunião foi muito bom. Colocamos para o Incra que não tinha cabimento o órgão ser dono da propriedade e a Usina ficar usufruindo do engenho, enquanto as famílias permanecem sem terra", disse João dos Santos.
Segundo a Federação, a Usina colhia do engenho cerca de 27 mil toneladas de cana-de-açúcar por ano e, nesses três anos, teria faturado mais de R$ 2 milhões com o engenho. Outros pontos reivindicados pela Fetraf, como a distribuição de cestas básicas e liberação de crédito habitacional, também foram discutidos.
FONTE: http://www.pernambuco.com/diario/2008/04/14/urbana4_0.asp