Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Policiais militares e ex-vigilantes da Usina Santa Teresa, do Grupo João Santos, respondem amanhã a 14 imputações em um dos maiores julgamentos da história da justiça em Pernambuco

Quase dez anos após o assassinato do canavieiro Luiz Carlos da Silva, os 15 acusados pela sua morte e pela tentativa de assassinato de mais outros treze trabalhadores rurais, estarão amanhã (13) no banco dos réus de um dos maiores julgamentos da história de Pernambuco.

Dentre os acusados estão o então chefe de segurança, o administrador e oito capangas da Usina Santa Teresa - de propriedade do Grupo João Santos –, o Capitão da Polícia Militar de Pernambuco na época e mais quatro policiais militares. Eles estão sendo acusados por um homicídio consumado e mais treze tentativas de homicídio qualificado e, segundo o assistente de acusação, o advogado Gilberto Marques, podem receber uma pena superior a 100 anos cada réu. O julgamento, o maior dos últimos tempos no estado, pode durar até cinco dias.

O fato que ocasionou a morte do canavieiro Luiz Carlos da Silva, à época com 22 anos, e que deixou feridos mais treze pessoas, foi a greve dos canavieiros convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Goiana – cidade localizada na Região Metropolitana do Recife. A manifestação, com cerca de 250 pessoas, aconteceu no Engenho Terra Rica, na Usina Santa Teresa, no dia 04 de novembro de 1998. Os manifestantes, que estavam em greve por reajuste salarial há quatro dias, foram impedir a contratação de cortadores de bambu para realizarem o corte da cana no Engenho Terra Rica. Durante a ação, os trabalhadores foram surpreendidos por policiais militares e seguranças da usina que chegaram dentro de carros atirando contra os manifestantes, segundo contou o então presidente do STR, José Mendes da Silva, ao Jornal do Commercio do dia 05 de novembro de 1998.

Apesar do atraso de quase dez anos no julgamento, a realização do júri de amanhã ainda pode ser adiada, pois, um dos advogados de defesa dos réus, Moacir Veloso, deu entrada em um pedido de adiamento alegando estar com problemas de saúde e com solicitação médica para que não faça esforço.

A decisão sobre a realização do júri de amanhã, que está marcado para as 9h no Fórum do Recife, não foi informada ainda. Segundo o advogado de acusação, a dispensa apresentada pelo advogado de defesa dos réus vence no próximo dia 19, contudo a presença de apenas um dos advogados deles já torna possível a realização da audiência. Ainda segundo Marques, não há justificativa para que os réus tenham defesas separadas, pois a ação foi conjunta desde o início. “Eles se juntaram para se armar, para intimidar e para matar. Por que agora querem se separar perante a justiça?”

Para o Padre Thiago, da Comissão Pastoral da Terra, é inconcebível que a justiça torne ainda mais lenta a resolução de um caso que aguarda quase dez anos para ser julgado.

Réus

Capitão Marcelo Renato da Silva - Polícia Militar

Soldado Sérgio José de Oliveira Lemos – Polícia Militar

Soldado José Augusto da Silva Neto – Polícia Militar

Soldado José Marcelino da silva neto – Polícia Militar

Soldado Rosilaldo Chagas Dantas – Polícia Militar

Ângelo Alberto dos Santos – Segurança da Usina Santa Teresa

Sebastião Augusto Ferreira – Segurança da Usina Santa Teresa

Dílson Cosmo do nascimento – Segurança da Usina Santa Teresa

Cícero Vieira da Silva – Segurança da Usina Santa Teresa

Fernando Felix Pereira da Silva – Segurança da Usina Santa Teresa

Aluízio Antônio da Silva – Segurança da Usina Santa Teresa

Emiliano Silvino Gomes - Segurança da Usina Santa Teresa

Ivanildo Pereira Capitulino – Segurança da Usina Santa Teresa

José Soares – Administrador da Usina Santa Teresa

Sylvio Cláudio Coutinho Frota – encarregado da segurança da Usina Santa Teresa

 

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