Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Todos os dias, 25 crianças do Assentamento Santana, Zona Rural de Mossoró, percorrem 10 km para chegar à escola. Isso porque a escola local está fechada há cinco anos e elas têm aulas no Assentamento Lorena. Moradores do assentamento cobram das autoridades públicas melhores condições de transporte e de ensino, já que, atualmente, os estudantes se expõem todos os dias aos riscos da estrada em péssimas condições e ao transporte sucateado

O prédio da escola não tem condições de ser usado. "Na escola não tem nem luz", afirmam os moradores do Assentamento Santana. A antiga escola algumas vezes foi usada pela equipe de saúde que visita o local. Mas, atualmente está desativado. Já a Escola Municipal Francisco Bezerra de Maria, no Assentamento Lorena, está passando por uma reforma para melhor receber os alunos.

A secretária da Escola, Francisca das Chagas, conhecida nas comunidades por Chaguinha, informou que além do risco da estrada e do transporte, os alunos também são expostos ao risco de estarem em um ambiente em reforma. "Nós tentamos adiar o início das aulas para o dia 3 de março, quando a reforma estaria encerrada, mas não autorizaram", reclama. "Já procuramos Niná Rebouças (Educação) e Yuri Tasso (Infra-estrutura), todo mundo sabe do nosso problema, acho que até Lula, mas ninguém faz nada", enfatiza Chaguinha.

A maior reivindicação dos pais não é que a escola do Assentamento seja reaberta, mas que a estrada seja melhorada e que seja enviado para o transporte das crianças um ônibus em melhores condições. "O transporte é muito ruim, no ano passado o ônibus escolar era aquele que veio dos Estados Unidos, no final do ano não tinha mais nem cadeira, era cheio de pontas de ferro. Não sei como não teve um acidente grave com essas crianças", declara a dona-de-casa Arlene Pereira da Costa, mãe de Antony Gabriel, 7, aluno do 3º ano. Este ano, o transporte dos alunos está sendo feito em um microônibus, que fica lotado, pois quando chega ao assentamento, vem com alunos de outras comunidades.

Em tempos de chuva, a situação se agrava, já que a estrada de barro não permite o acesso do ônibus que é obrigado a parar na entrada do assentamento e os alunos têm que andar cerca de 4 km, para chegar ao ônibus e voltar para casa. "tem crianças a partir de 4 anos que caminham os quatro km, às vezes debaixo de chuva, dentro da lama. Tem dia que o ônibus quebra que as crianças chegam depois de 7h da noite", Luciana Antônia, dona de casa mãe de Ítalo da Silva, 8, e Leila Michele, 7.

Justificativa

Procuramos a Gerência Executiva de Educação e Desporto e conversamos com a secretária de ensino, Marisa Pinto, que nos informou que a escola foi fechada por falta de alunos, mas que a secretaria se comprometeu a disponibilizar um ônibus para transportar as crianças para o Assentamento Lorena. Não foi possível falar diretamente com a Gerente de Educação, Niná Rebouças, que está em Brasília.

Quanto ao transporte escolar, a responsável pelo departamento de assistência ao aluno, Maria José, afirmou que já foi providenciada a compra de 4 ônibus novos. E que o microônibus está sendo usado provisoriamente, enquanto o ônibus que era usado no ano passado está passando por uma reforma geral. "O ônibus importado ficará sendo usado até a chegada dos veículos novos, ainda este ano. Mas, este está passando por uma reforma geral, está seminovo", declarou.

Entramos em contato também com a Gerência Executiva de Infra-estrutura e o secretário Yuri Tasso informou que até o momento não chegou nenhum comunicado por parte dos moradores da comunidade e que a responsabilidade de tratar dos assuntos dos assentamentos é do Incra, mas que a prefeitura tem realizado diversas obras nos assentamentos já que o serviço prestado é deficiente. "O município vem cobrindo a deficiência do Incra", explicou.

Fonte: Jornal Correio da Tarde - Natal e Mossoró, 20 de fevereiro de 2008

 

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