Afastados dos centros urbanos, da vista da maioria dos habitantes, as zonas rurais em Alagoas, aos poucos, se tornam verdadeiros campos de guerra. O Estado, no levantamento parcial realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), com dados de janeiro a setembro de 2007, na maior parte dos quesitos, está entre os três mais violentos do Brasil.
Quando se fala em agressões físicas durante os conflitos agrários, Alagoas é primeiro lugar no Nordeste, com 22 ocorrências. A Bahia registrou dois casos e Pernambuco, quatro. Em escala nacional, ficou em 5º lugar. Perdeu para o Paraná, com 23 registros; Mato Grosso, 26; Pará, 33; e Rondônia, com 122 ocorrências.
Incra emperra distribuição de lotes da Flor do Bosque
No dia 27 de novembro de 2007, o acampamento Flor do Bosque, entre Messias e Flexeiras, virou assentamento. Depois de nove anos de resistência no lugar, 11 despejos, plantações e cacimbas envenenadas, homens ameaçados de morte, tiros contra as barracas de lona e uma criança ferida à bala, as 35 famílias que lá moram ganharam, enfim, o certificado de posse. Um papel até agora, mais nada. A terra já não é mais de uma usina falida e a batalha não é mais com fazendeiros. É com o Incra.
Os quase 200 moradores do assentamento esperam os técnicos do órgão para dividir os lotes e começar a trabalhar.
Lideranças cobram verbas e elucidação de assassinatos.
O coordenador regional do Movimento pela Liberdade dos Sem-Terra (MLST), Marcos Antônio da Silva, o Marron, chama de “frouxo” o governo federal. Ele critica a lentidão do Incra na desapropriação de terras no Estado e o investimento alto que o presidente Lula tem feito no setor do agronegócio, dizendo ser contrário à privatização das terras.
A coordenadora regional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e também integrante da diretoria nacional da entidade, Débora Nunes, cobra a apuração de crimes que vitimaram trabalhadores rurais em Alagoas.
Gazeta de Alagoas, 11 de fevereiro de 2008.