Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Moradores do Distrito de Laginhas bloquearam ontem a RN-118, que liga Caicó a Jucurutu num protesto para chamar a atenção sobre os problemas de abastecimento de água para consumo humano e animal. O protesto durou duas horas. A rodovia foi interditada por volta das 8h, causando transtornos para quem trafegava pelo local, e só foi liberada às 10h quando a polícia chegou com ordem para retirar as barreiras e liberar o tráfego de veículos.

Apesar de alguns bate-bocas entre motoristas e manifestantes, não houve registro de incidentes. “Nós mostrávamos a qualidade da água do açude que abastece a comunidade e eles entendiam”, disse um dos moradores. A água, de cor esverdeada, foi levada em pets de refrigerantes. A vereadora Verônica Alcântara, em entrevista à Rádio Rural, confirmou que não houve brigas.

Durante o protesto os moradores lembraram que o problema é antigo e nunca foi dado um passo efetivo para resolvê-lo. A dona-de-casa Vanda Maria de Almeida afirmou que situação semelhante à de agora ocorreu em 1993. “A água está imprestável para consumo humano. Dessa vez, até os animais estão refugando a água da barragem”, disse Antônio Cândido Soares, um dos organizadores do protesto. Ele explicou que o reservatório não “sangrou” no ano passado e quando isso acontece, a água fica turva devido a alta concentração de matéria orgânica.

O abastecimento de Laginhas, uma comunidade com aproximadamente 400 habitantes, está sendo feito atualmente através de carro-pipa. Por algum problema que os moradores desconhecem, o carro não passou no sábado, nem no domingo e também não apareceu na segunda-feira. Conforme informações dos manifestantes, o carro só está indo de dois em dois dias. Como a água é pouca, cada morador tem direito a apenas quatro latas d’água, ou seja, 80 litros. Além disso, eles precisam acordar às 4 horas da manhã para entrar num longa fila.

A solução definitiva para o problema seria a construção de uma adutora que captaria água no rio Piranhas. O projeto da adutora, assim como o da falta d’água, é antigo. De acordo com informações do ex-prefeito Roberto Germano, em 2002 foi elaborado um projeto pela Fundação Nacional de Saúde. Na época, o custo estimado era de R$ 298 mil. Mas o projeto não saiu do papel. Em 2003, a Agência de Desenvolvimento do Seridó (Adese) também elaborou um projeto para levar água a Laginhas através de adutora.

Para Germano, falta empenho político para resolvê-lo. Ele lembrou a influência que políticos caicoenses exerciam ou ainda exercem no âmbito dos governos estadual e federal. No governo Garibaldi Filho - destacou - o deputado Álvaro Dias era presidente da Assembléia; o também deputado Vivaldo Costa, irmão do prefeito de Caicó, Bibi Costa, é o homem forte do Seridó no governo Wilma, e João Maia exerce influência nas duas instâncias de governo - estadual e federal. Para ele, é hora de juntar forças para pôr fim aos transtornos enfrentados todos os anos pelos moradores.

Em Natal, a Secretária Estadual de Recursos Hídricos informou ontem, através da Assessoria de Imprensa, que a construção de uma adutora para Laginhas está incluída num projeto maior, o Programa de Abastecimento do Semi-Árido, cujo convênio será assinado em fevereiro pela governadora Wilma de Faria. Os recursos virão do Banco Mundial. A previsão do governo é concluir a adutora ainda este ano.

Tribuna do Norte,RN, 17/01/2008.

 

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