Qual o plano do Capital para a biodiversidade a agricultura brasileira? Essa foi a primeira reflexão da plenária da Via Campesina Brasil que acontece durante esta semana (27 a 30/11) em Goiânia Nós vamos ter lutas duríssimas nos próximos anos se quisermos continuar a ser camponeses. A conclusão tirada da plenária da Via Campesina reflete o desafio que os movimentos que a compõem terão que enfrentar quando o inimigo é o agronegócio.
Estamos vivendo uma nova fase agrária e agrícola no Brasil, onde o projeto do Capital não só envolve os latifundiários, mas também uma aliança entre o capital financeiro, investidores e as transnacionais.
Essa primeira reflexão fez parte da I Plenária da Via Campesina Brasil que ocorre desde esta manhã (27) em Goiânia. São 300 pessoas que estão representando os sete movimentos campesinos que compõem a Via (MMC, MPA, MST, PJR, FEAB, CPT, MAB) e organizações de povos tradicionais convidadas.
A plenária considerou mais outros pontos que retratam a conjuntura agrária e agrícola brasileira. O controle de todas as cadeias agroalimentares e energéticas foi apontado como um desses pontos. Segundo a avaliação feita, o poder das transnacionais perpassa desde os grãos, geralmente trabalhados em monocultivos, ao veneno usado dentro de um sistema integrado que só prejudica o pequeno agricultor. O agricultor se torna um simples empregado disfarçado. O Governo Lula não mudou com esta situação. Outra questão discutida foi o uso intensivo dos agroquímicos e as novas técnicas de controle.
A transgenia é exemplo de controle que se apropria do conhecimento adquirido ao longo dos anos pelos agricultores e povos tradicionais e patenteiam sementes modificadas, obrigando os camponeses a serem dependentes das mesmas transnacionais que fornecem as sementes, o adubo e os venenos, muitas vezes antes mesmo da plantação ser iniciada e sem nenhum laudo técnico.
A mecanização pesada, em detrimento de mão de obra, e a predominância na produção de grãos, pela facilidade de especulação de preços e controle de estoque também foram apontados como pontos relevantes dentro da avaliação conjuntural.
Água e o Capital
A água também foi identificada como um bem natural mercantilizado. O que se convencionou como “hidronegócio” é mais uma forma de como o Capital está se apropriando dos recursos naturais para a sua própria sustentabilidade.
Se antes os camponeses se utilizavam da água de forma livre para a irrigação de sua plantação, agora processo prevê um sistema de outorgas para o uso das águas brasileiras, gerenciado pelo Comitê de Bacias, como prevê a lei brasileira de recursos hídricos (Projeto de lei 9433/ 97), implantada no Governo Fernando Henrique Cardoso.
data: 27/11/07, site CPT Nacional.