Fonte: Brasil de Fato
Por: Claudia Jardim, de Caracas (Venezuela)
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, desapropriou no domingo (25) uma das 16 fazendas que foram resgatadas pelo governo no que considera parte de seu projeto de "guerra contra o latifúndio". D
e acordo com o presidente venezuelano, pouco mais de 330 mil hectares de terra, distribuídos em 16 fazendas, serão desapropriados para fins de reforma agrária. Durante seu programa dominical Alô Presidente realizado em uma das fazendas desapropriadas no seu estado natal, Barinas, Chávez disse que essa era mais uma iniciativa "para aprofundar a reforma agrária da revolução socialista". "Hoje, estamos intervindo simultaneamente em 16 fazendas, resgatando e intervindo, como manda a lei, em um total de 330,8 mil hectares", afirmou. Localizadas em regiões de planícies, os terrenos serão destinados à criação de gado para corte e produção de leite e serão convertidos em propriedade social, administrada por cooperativas agropecuárias. "Não são fazendas, são latifúndios. Terra fértil e improdutiva. Isso é um atentado ao interesse nacional, viola a Constituição, as leis e todos os princípios da justiça, direito, segurança da soberania e defesa do país", afirmou o presidente venezuelano. Soberania Alimentar O governo venezuelano aposta no desenvolvimento rural como uma das saídas para diversificar a economia – aproximadamente 80% depende da exploração petroleira – e garantir sua própria produção de alimentos, pois cerca de 70% da alimentação dos venezuelanos é produto de importação. "Como o país pode sair do subdesenvolvimento se nós não trabalhamos estas terras, se não aplicamos tecnologia, recursos, investimentos?", questionou Chávez. De acordo com o Instituto Nacional de Terras, quase 2 milhões de hectares foram desapropriados durante o governo Chávez. "Cerca de 49% dessas terras foram repassadas a camponeses e 40% para projetos estratégicos de propriedade estatal", afirmou o presidente venezuelano, que afirmou que outras propriedades serão desapropriadas. "Em breve estaremos prontos para a nova ofensiva que atingirá 13 fazendas, representando mais 265 mil hectares. E continuaremos avançando, ninguém poderá nos deter", sentenciou. Durante o ato de lançamento do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), realizado neste sábado, 24, Chávez mandou uma mensagem aos que se dizem partidários da revolução, mas que são contrários às desapropriações de terras. O presidente venezuelano indicou que os resgates de terra eram um ato de "aprofundamento da revolução" e que não deveria incomodar aos que compartilham o mesmo "processo ideológico". "Ninguém deveria se incomodar com isso. Ao contrário, deveriam erguer o braço e declarar morte ao latifúndio. Alguns se sentem incômodos porque têm conexões bastante fortes com os velhos setores da oliguarquia, dos latifundiários", afirmou o presidente venezuelano ao destacar que esse era a "ocasião histórica" para romper com esses vínculos.