Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O Movimento dos Sem-Terra (MST) fez 45% mais invasões durante os últimos quatro anos, no governo do aliado Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, do que no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Foram 992 invasões de janeiro de 2003 até ontem, contra 683 registradas de 1999 a 2002 segundo as estatísticas da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Este ano, apesar da redução nas ações durante o período eleitoral, o MST já realizou 229 invasões. O segundo mandato de Lula promete ser ainda mais tenso no campo: o MST avisou que as ações "contra o latifúndio" serão intensificadas e haverá "grandes mobilizações" com o apoio de outros movimentos, sindicatos e estudantes. O objetivo é cobrar do governo Lula o assentamento de 1 milhão de sem-terra nos próximos quatro anos e mudanças na política econômica e nos índices de produtividade agrícola. "As ocupações constituem uma reação legítima contra as desigualdades sociais", diz Marina dos Santos, da coordenação nacional do MST. Os números mostram, segundo o movimento, que houve mais assentamentos nos anos de maior mobilização no campo. Nos dois primeiros anos do governo Lula, o MST invadiu 508 vezes e conseguiu assentar 117 mil famílias. Em 2005, manteve o ritmo com 255 invasões e o governo assentou 127 mil famílias. Nos últimos dois anos da gestão FHC, o número de invasões era menor - 115 em 2002 e apenas 83 em 2001 - e correspondeu a uma queda no número de assentamentos DECRETO - Nesse período, entrou em vigor o decreto do ex-presidente que proibia vistorias, pelo prazo de dois anos, em terras invadidas. Durante o governo Lula o decreto foi ignorado e o MST invadiu mais do que todos os outros movimentos sociais, juntos. Suas ações representaram 60% das 1.660 invasões de terras registradas no Brasil nos últimos quatro anos. Outros dez movimentos, mais sindicatos, federações de agricultores, índios e quilombolas comandaram 648 invasões. Nos últimos quatro anos de Fernando Henrique, houve 1.364 invasões - 50% delas organizadas pelo MST. Os dados da CPT são aceitos pelos movimentos sociais. Os números deste ano ainda não são oficiais. Em 2006, o movimento tirou o pé do acelerador apenas durante a campanha eleitoral, para não prejudicar a campanha de Lula. De maio até o segundo turno das eleições, em 29 de outubro, a média de invasões caiu de 30 para menos de 10 por mês. Apesar dos números, o MST nega que tenha havido trégua, mas prepara a fatura para cobrar pelo apoio dado à reeleição do aliado. “O Brasil precisa de um novo modelo agrícola que dê prioridade à agricultura familiar”, afirma a coordenadora nacional. “Isso deve começar com o assentamento das 150 mil famílias acampadas à beira das estradas. Pelos números do Banco de Dados da Luta pela Terra (Dataluta), nos três primeiros anos do governo Lula foram assentadas 244.289 famílias, com uma média de 81.430 por ano. No governo FHC, a média por ano foi de 65.548, mas no governo Lula, apenas 25% das famílias foram assentadas em terras desapropriadas. Segundo esses dados, 183.202 famílias foram para assentamentos já existentes ou terras públicas e devolutas Fonte: Agência Estado

 

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