Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Nas romarias da terra a fé é coletiva, a causa é coletiva, o altar é coletivo, Deus é Javé. A romaria é uma tenda grande armada para acolher todas as tribos, todos os filhos e filhas de Deus, católicos, evangélicos e descrentes. A romaria é povo de Deus que caminha, que busca na estrada a espiritualidade, que partilha a comida e a bebida. A décima nona Romaria da Terra realizada nos dias 04 e 05 de novembro em Maragogi, com o tema “derrubando cercas, produzindo vidas” foi tudo isto: encontro, caminhada, espiritualidade e partilha. Vindos dos assentamentos, acampamentos, áreas de posseiros, das universidades e das comunidades eclesiais de base, sindicalistas e amigos que vieram da Itália (Pasquale, Maria e Tina), parecia pentecostes. Aos poucos foram se encontrando e tomando conta do assentamento Itabaiana. Na mesa santa do altar, coordenados por padre Leslie, celebramos o martírio de Jesus e o mistério da ressurreição. Alimentados pelo Pão vivo de Deus, seguimos em romaria até a coopeagro, eram doze quilômetros de terra batida e asfalto, em noite de lua cheia. Camponeses, religiosas, sacerdotes (jovens, crianças, idosos) guiados pela cruz, sem o Cristo, pois Ele era mais um na caminhada, carregada pelos padres caminheiros: Raul, Leslie, Rogério, André e Fausto a multidão seguiu de chapéu de palha e vela na mão. Do trio entoava: “aonde vai este povo, que marcha em romaria, vai buscar um tempo novo, o nosso Deus à frente é luz e guia”. Cantando, dançando e orando, a romaria pegou corpo. Só quem participa da romaria, sabe o que é romaria. A força do Espírito Santo é sentida na noite, nos cantos e, principalmente, nas pessoas. Pessoas de mais de sessenta anos, como minha mãe, cantando e dançando, querendo chegar inteiras, acordadas e fortalecidas no final da romaria. A solidariedade é praticada durante toda noite, pessoas que conversam, que rezam e se ajudam, as crianças e os velhos tem atenção especial, não faltam ombros, mãos e diálogos. O povo seguiu firme, o pentecoste da romaria tem alicerce teológico na libertação do Povo de Deus do Egito em busca da terra que corria leite e mel. A Terra Prometida. Como o povo do Egito, os camponeses seguem “derrubando as cercas” do latifúndio e produzindo alimentos sadios que geram vidas, em sintonia com a afirmação de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida”. No próximo ano estaremos celebrando vinte anos de romaria. Durante este tempo percorremos 247 km , sem contar o deslocamento feito das comunidades até o local das romarias, por veículos ou animais. Iremos voltar ao solo sagrado da Serra da Barriga e beber da fonte da Romaria da Terra, vamos voltar ao útero. Construir a memória das romarias será uma tarefa coletiva. Vamos convidar os camponeses, os índios, os sem teto, os negros, os evangélicos, as religiosas, os padres, os bispos aqueles que foram marcados pela poeira santa do palco sagrado da luta pela liberdade e pela terra em Alagoas. Dia 24 e 25 de novembro de 2007, vamos subir em romaria a Serra de Zumbi, de Dandara, Ganga Zumba e Acotirene. Viva a Romaria da Terra, Viva o Povo de Deus em Romaria. “Aonde vai este povo, que marcha em romaria, vai buscar um tempo novo, o nosso Deus à frente é luz e guia”. Carlos Lima* * coordenador da CPT em Alagoas

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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