Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Foi adiada para segunda-feira (21) a votação da reforma do Código Florestal (Projeto de Lei 1876/99 e outros). Integrantes da comissão especial que analisa o tema pediram vista conjunta do parecer do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). O pedido foi feito logo após o início da reunião de hoje, que foi encerrada em seguida. O presidente da comissão, deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), agendou a sessão de discussão e votação para as 14 horas de segunda-feira.

Entre outros pontos, o texto apresentado por Aldo Rebelo atribui mais autonomia aos estados para legislar sobre meio ambiente, retira a obrigatoriedade de reserva legal para pequenas propriedades e prevê que as áreas atualmente em uso para produção rural serão consideradas espaço consolidado da atividade agrícola.

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Divergências

A pressão dos ruralistas para que o novo texto seja aprovado antes das eleições e a informação vazada ontem de que a bancada do agronegócio pode propor uma barganha com o governo ¬ aprovar o relatório em troca da aprovação do projeto do Pré-Sal –, deixou parlamentares e organizações socioambientalistas preocupados.

“A ofensiva deles pela votação e aprovação ainda este mês está evidente”, disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) em entrevista ao ISA. “Já marcaram na segunda-feira exatamente para a sessão rolar das duas da tarde às 10 da noite. A não ser que venha um pedido do governo para adiar ou uma pressão muito forte do movimento social”, afirmou Valente.

De acordo com o presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA), a bancada ambientalista vai usar de todos os recursos legais e regimentais para evitar que a proposta seja votada antes das eleições. “Essa proposta vai contra os interesses do Brasil. Basicamente, fala em anistia e novos desmatamentos”, disse.

O parlamentar, que vai apresentar voto em separado, acredita que, após as eleições, seja possível discutir o aperfeiçoamento de alguns instrumentos do Código Florestal. Sarney Filho afirmou que a proximidade das eleições faz com que a discussão fique muito emocional. Para ele, esse tema exige mais racionalidade.

Para o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), a proposta precisa e será votada antes das eleições. Ele afirmou que a mudança do código foi uma tarefa assumida pelo Congresso porque é um pedido da sociedade.

“Nós tiramos essa discussão do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), das ONGs e dos ambientalistas para discuti-la com quem tem representação política e legal para fazê-la. E o Congresso Nacional assumiu essa tarefa”, disse Colatto.

Sarney Filho lembrou que a própria presidente da Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), afirmou que não é preciso derrubar mais árvores para manter a produtividade da agricultura.

Segundo o deputado, o parecer pode deflagrar um processo de novas derrubadas. Sarney Filho disse que é possível admitir a consolidação de áreas que já são cultivadas há 50 ou 100 anos, mas não as de dois anos atrás, feitas desobedecendo a legislação atual.

Para Colatto, a moratória de cinco anos prevista no parecer é até mais dura do que a lei atual, porque não permite que nada mais seja derrubado por cinco anos. O parlamentar afirmou que não assume compromissos com as derrubadas ilegais. Para ele, essa é uma questão de polícia.

“Barganha não é impossível”

O deputado Ivan Valente disse que o único temor dos ruralistas é que o governo peça à base de apoio o adiamento da votação do relatório de Aldo Rebelo. “Diante desse quadro e´que não acho impossível que eles estejam jogando com a possibilidade da barganha, utilizando-se a votação do Pré-Sal como moeda de troca nas conversas”, afirmou.

“O próprio ministério do Meio Ambiente declarou que é contrário ao relatório do Aldo. Para governo interessaria jogar isso para depois das eleições. Só assim é que se explica essa conversa da barganha, para que o governo não peça adiamento.”

Carta ao Brasil

Nesta terça-feira, 66 organizações de defesa do meio ambiente e de cientistas de diversas áreas do conhecimento, além de sete redes de organizações lançaram uma carta aberta dirigida aos habitantes do Brasil.

Depois de expor a importância do Código Florestal Brasileiro e da preservação do patrimônio natural, as entidades afirmam no documento que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito assegurado pela Constituição Federal.

As organizações afirmam que as mudanças propostas na legislação ultrapassam os limites que poderiam ser discutidos pela comissão e colocam em risco não só dos ambientes naturais do País mas também os princípios e institutos que norteiam a moderna legislação brasileira.

Na semana passada, PV, Psol e o Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União divulgaram notas técnicas na quais criticam o parecer de Aldo Rebelo. A avaliação dos dois partidos e da entidade é que o texto representa um retrocesso na proteção ambiental.

Fonte: Da página eletronica do MST, com informações da Agência Câmara e da Agência Socioambiental

 

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