Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Cerca de 250 trabalhadores/as rurais, do assentamento Serra Negra e de demais áreas do município de Floresta, com apoio da Comissão Pastoral da Terra e da Diosece do município, realizaram uma manifestação na manhã de ontem (dia 05), no lote 09 do canal da Transposição do Rio São Francisco, localizado a aproximadamente 60 km do centro urbano do município. Os/as trabalhadores/as protestaram contra a situação das famílias do assentamento e da comunidade local que estão sendo diretamente atingidas pelas obras da tranposição.

O Bispo de Floresta, dom Adriano Ciocca Vasino, em reportagem para a CNBB destacou que “há obras em todas as partes do rio, os impactos ambientais são gravíssimos e as indenizações aos pequenos não estão chegando. Para nós, que estamos acompanhando as comunidades, estamos vendo o sofrimento estampado no rosto do povo”.

Durante a manifestação, os/as agricultores/as paralizaram os tratores e demais transportes das construtoras responsáveis pelas obras no lote, as empresas Camter e Egisa. A Polícia Militar e o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foram ao local para impedir a manifestação das famílias. Integrantes do MST, e alunos da escola do assentamento Serra Negra também foram ao local para apoiar a manifestação. O Incra, que estava em outra atividade na região, compareceu ao local para averiguar a ação dos trabalhadores.


Impactos das obras da transposição - Com as obras do canal passando no meio do assentamento Serra Negra, serão destruídas três casas de famílias assentadas, o açude que abastece a comunidade, além do Posto de Saúde da Família (PSF) da região. As obras atingirão também as parcelas de seis famílias de agricultores do assentamento. Segundo o integrante da CPT e morador do assentamento Ramada da Quixabeira, Sandreildon dos Santos, as famílias estão indignadas com a situação, já que a pressão é muito forte para que desocupem a área. “Os trabalhadores que terão que sair de suas casas vão para onde? Todos eles estão vendo a hora de suas casas serem derrubadas e não terem pra onde ir.” Sandrelidon comenta que “não há nada garantido para essas famílias e as indenizações que foram oferecidas não dá nem para construir novas casas”.


A situação se agrava ainda mais com a pressão para que o Posto de Saúde da Família seja imediatamente destruído. “São 500 famílias atendidas mensalmente pelo PSF. Não dá para imaginar a situação dessas famílias que precisam ser atendidas, mas que não terão para onde ir.” Complementa Sandreildon.


Na manifestação, os agricultores e agricultoras cobram do Ministério de Integração Nacional e do Incra a construção imediata de um novo PSF na região antes que o atual seja destruído, além disso, exigem o pagamento de indenizações mais justas para a Casa do Mel (onde trabalham os apicultores do assentamento) e para as casas e parcelas que serão destruídas pela Transposição. Os agricultores cobram ainda: solução para o caso do açúde que abastece a comunidade local, que ironicamente será destruído para dar lugar à Transposição; o desbloqueio imediato dos créditos do assentamento, retidos desde 2004; a regularização fundiária nas áreas atingidas pelo canal da transposição, além dos demais problemas acarretados pelas obras, como a poeira que toma de conta da escola do assentamento durante a movimentação dos transportes das empreteiras.


Os agricultores presentes na manifestação conseguiram agendar para hoje, dia 06, uma audiência pública entre os assentados atingidos pelas obras da transposição, a Comissão Pastoral da Terra, a Diocese de Floresta, que acompanham o caso, o Incra e representantes do Ministério da Integração Nacional para discutir e encaminhar a pauta de reivindicações.


Informações no local:


CPT – Pajeú


Manoel Messias

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(87) 9950.4036

Denis Venceslau

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