Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Cento e vinte famílias organizadas no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam na noite desta terça-feira (04) a fazenda Riachão, arrendada à Usina Cachoeira, de propriedade de Carlos Lyra. As acusações de devastação ambiental em função da brutalidade do cultivo da cana-de-açúcar e as dívidas com o INSS confrontam a função social da terra, prevista nos artigos 5º e 186º Constituição e condição para manutenção dessa propriedade. O acampamento fica no município de Flexeiras-AL, a 7km da entrada da fazenda Bom Jardim na AL-130. As famílias camponesas solicitam do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que vistoriem a área, para sua destinação para Reforma Agrária.

O Grupo Carlos Lyra faz parte do hall de empresas privadas do campo alagoano que, junto com outras “grandes irmãs” (Grupos João Lyra, Corrêa Maranhão, Tércio Wanderley, Toledo e Andrade Bezerra) configuram sozinhas 53% da agroindústria da cana-de-açúcar em Alagoas. Desde a década de 1990, esses grupos mantém uma política de expansão de seu capital em outros Estados, como Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e outros, em consonância com a política global de estímulo à produção de agrocombustíveis.

Ao invés da super-exploração do trabalho e do ambiente, as famílias dos assentamentos da região já desenvolvem uma agricultura voltada para a produção de alimentos para a população, outro modelo de produção e relação no campo que privilegia a agroecologia e colabora para a soberania alimentar dos alagoanos. Os quinhentos hectares da fazenda Riachão são reivindicados por essas famílias para darem sustentação ao desenvolvimento de famílias de agricultores, que necessitam ainda, além do assentamento imediato, políticas de educação, saúde, cultura, crédito etc.

 

 

Fonte: Setor de comunicação do MST AL

 

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