Na última sexta-feira, dia 12, agente da Comissão Pastoral da Terra foram à Superintendência Regional do Trabalho para acompanhar e pressionar o órgão a agilizar o processo de investigação dos casos, quando descobriu que sequer os fiscais do trabalho haviam recebido a denúncia e que nenhuma medida foi tomada para solucionar o caso. Segundo Jeferson Lins, do setor de fiscalização do trabalho, o órgão não deu inicio no processo por mudanças estruturais que estão ocorrendo no setor.
Para o agente da CPT, Plácido Junior, “a Pastoral não aceita esse descaso da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego diante da morte de dois trabalhadores. Se esse órgão comete esse descaso quando se trata da morte de trabalhadores, o que são feitos nos outros casos? É esse tipo de atitude que alimenta a violência contra os trabalhadores no campo. Isso não só deixa claro o descaso, mas fica evidente a conivência desses órgãos com a violação dos direitos humanos no campo, e devem ser, tal qual quem comete crime, também julgados e punidos.”
Amanhã, dia 16, a CPT solicitará uma audiência com o Superintende Regional do Trabalho e Emprego, André Negromonte, para exigir providência para o caso.
Sobre o caso - O trabalhador rural Severino Leite da Silva, de 49 anos, natural de Alagoinha (PB) e pai de três filhos, faleceu de infarto na manhã de 11 de setembro, enquanto trabalhava no corte da cana, na Usina Pedrosa. Segundo seus familiares, Severino trabalhava há muitos anos na Usina e, quando terminava o corte da cana, ele ainda fazia outras atividades na Usina. Severino chegou a morrer segurando um feixe de cana.
O segundo caso aconteceu no dia oito de outubro, quando o jovem Macionildo Pereira de Lucena, de 24 anos, também natural de Alagoinha (PB), faleceu enquanto cortava cana, no Engenho Barra de Jangada, também da usina Pedrosa. De acordo com a certidão de óbito do trabalhador, a causa da morte foi um Edema agudo nos pulmões e infarto agudo no miocárdio.
A mãe de Macionildo, Dona Neuza, comentou que no ano passado Macionildo trabalhou sete meses na mesma Usina. Ela lembra que o filho saiu de casa “gordo” e voltou “magro”, que ele comentava com a família que trabalhava como um burro de carga, se queixava muito de dores de cabeça, do sol quente e de que tinha que almoçar em pé, sem nenhuma proteção do sol, o que muitas vezes azedava a comida. Dona Neuza afirmou ainda que o agenciador (gato) não procurou a família para dar satisfações do ocorrido.
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Outras informações:
Plácido Junior
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Setor de comunicação da CPT NE2