O documento aponta que cerca de 15% dos 370 milhões de índios existentes representam um terço das pessoas mais pobres do mundo, e um terço dos 900 milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza (com menos de U$ 4,00 por dia) e habitam áreas rurais.
De acordo com o texto, a pobreza dos indígneas está associada a fatores como analfabetismo, desemprego e discriminação. No mercado de trabalho, isso se reflete nos salários e significa que os índios recebem a metade que os não-índios. Na América Latina, a Bolívia apresenta a maior diferença de salário para cada ano adicional de escolaridade.
A falta de apoio para a utilização de conhecimentos tradicionais e para a instalação de sistemas que atendam de maneira diferenciada essa população, além de problemas de ordem cultural (como a discriminação) refletem-se em problemas de saúde, como o alcoolismo, e em altas taxas de suicídio.
O relatório da ONU sobre a situação dos povos indígenas no mundo também lembra que, nas últimas duas décadas, centenas de jovens Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, cometeream suicídio. Dados do Ministério da Saúde coletados entre 2000 e 2005 mostram que, em apenas duas comunidades, a taxa de suicídio era 19 vezes maior que a taxa nacional.
“A situação dos Kaiowá resume os principais problemas indígenas do Brasil. Desnutrição, suicídio, alcoolismo, desemprego, falta de terras e violência”, disse Marcos Terena, articulador do Comitê Intertribal - Memória e Ciência Indígena (ITC) ao comentar os resultados do levantamento. “O Mato Grosso do Sul é considerado o estado do país mais violento para os índios, onde os poderes pecuaristas e políticos avançaram demais”, criticou.
O relatório afirma, ainda, que o baixo acesso a garantias básicas de sobrevivência, como terra, saúde e educação e a pouca participação nas decisões políticas e econômicas em seus países têm explicações históricas, como a colonização e a expropriação fundiária.
Fonte: Agência Brasil