Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Relatório da Agência Nacional de Águas mostra que cursos d’água da bacia do São Francisco estão em situação crítica. A disponibilidade hídrica é melhor no litoral, que também sofre com a sujeira

A quantidade diminuiu, enquanto a qualidade das águas brasileiras piorou, de 2006 a 2007. É o que diz relatório divulgado recentemente pela Agência Nacional de Águas (ANA). A situação é mais crítica no Nordeste, onde estão as bacias hidrográficas com maior carga orgânica e os reservatórios que apresentaram redução do volume. O documento, intitulado Conjuntura e disponível na internet (http://conjuntura.ana.gov.br), apresenta um panorama da situação dos recursos hídricos no País.




“O primeiro Relatório de Conjuntura apresenta o panorama da situação dos recursos hídricos no País e de sua gestão. A publicação sistemática e periódica desse produto é de extrema importância para avaliação da situação dos recursos hídricos em escala nacional e do grau de implementação da política nacional de recursos hídricos”, descreve o diretor-presidente da ANA, José Machado.

A publicação, que deverá ser atualizada anualmente, é fruto de parceria com órgãos gestores estaduais, Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), Ministério das Cidades, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Secretaria de Recursos Hídricos.

A vazão de retirada para usos que consomem água, em 2006, era de 1.841 metros cúbicos por segundo (m³/s). De acordo com o relatório, o acréscimo foi de 16%. O setor de irrigação é o que possui a maior parcela de vazão de retirada (47% do total). Para o abastecimento urbano são reservados 26% do total, 17% para indústria, 8% para dessedentação animal e apenas 2% para abastecimento rural.

Apenas as regiões Amazônica e o litoral do Nordeste apresentam situações confortáveis quanto à demanda e disponibilidade de água, com mais de 88% de seus principais rios classificados como “excelente” e “confortável”.

Já no litoral nordestino, acima do São Francisco, 91% dos principais rios estão enquadrados como “muito críticos”, “críticos” ou “preocupantes”. Abaixo, 70% de seus principais rios estão classificados como “muito críticos”, “críticos” ou “preocupantes”. No Semiárido, 44% dos principais rios estão na categoria “muito crítica”, “crítica” ou “preocupante”.

Segundo o relatório, dos 5.564 municípios brasileiros, 788 (14%) tiveram decretada situação de emergência devido a estiagem ou seca em 2007. E 3% (176) tiveram decretada situação de emergência devido a enchentes, inundação ou alagamentos.

Nos reservatórios do Nordeste, há diminuição dos volumes armazenados no Piauí, na Paraíba, no Ceará, no Rio Grande do Norte e na Bahia entre 2006 e 2007. A Paraíba teve a maior variação negativa (13%), seguida pelo Rio Grande do Norte (11%).

Publicado em 03.04.2009, Jornal do Comercio, Recife

 

 

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