Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

\"\"Ontem, dia 12, os indígenas da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) denunciaram práticas violentas da Polícia Federal (PF) em terras indígenas e posturas tendenciosas em investigações policiais realizadas em diversos estados do país. As denúncias foram feitas ao Delegado Carlos Santos, da Divisão de Assuntos Sociais e Políticos da PF no início da reunião da CNPI, que se encerra hoje, dia 13.

Representantes indígenas do Mato Grosso, Bahia, Mato Grosso do Sul e Pernambuco relataram casos de agressões a indígenas durante ações de reintegração de posse ou de conduções de investigações de processo policiais em que os indígenas foram perseguidos.

 

Pierângela Cunha, do povo Wapichana (Roraima) fez questão de afirmar que a violência da PF contra os povos indígenas não é uma prática sistemática e generalizada em todos os estados do país. “Mas é preciso assumir que em alguns estados, como em Pernambuco e Bahia, acontecem muitos conflitos e a PF precisa agir para resolver a questão. Mesmo as ações de reintegração podem ser feitas sem violência”, afirmou a representante indígena.

 

Essa foi a segunda vez que um representante da PF participou de uma reunião da CNPI, por isso os indígenas esperavam respostas às questões já denunciadas. “Pareceu um primeiro contato de novo, pois não recebemos respostas para vários casos que já são do conhecimento da PF.”, avaliou Pierângela.  Ela acredita que se a PF estiver disposta a discutir com as lideranças indígenas as ações que os envolvem, os conflitos podem ser solucionados sem violência. 

 

Carlos Santos reafirmou diversas vezes que a força policial levada para cumprir uma ordem judicial de reintegração de posse é decidida considerando diversos elementos, entre eles a possibilidade de resistência. Segundo ele, a ação só é realizada quando a via da negociação está esgotada.

 

Em relação à ação de violência da PF denunciada pelos Tupinambá (Bahia), essa regra foi questionada, pois a ação da PF para cumprir o mandato de prisão do cacique Babau foi realizada dois dias após a Justiça ter decretado a prisão preventiva do cacique Babau - um dia antes do habeas corpus a Babau ter sido concedido. Logo, sem tempo hábil para negociação.

 

Mapa Guarani e Estatuto

A segunda parte da reunião iniciou com a apresentação à CNPI do mapa/caderno Guarani Retã, que localiza 500 aldeias, onde vivem 100 mil indígenas na região das fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. O documento pode ser usado pelos órgãos do governo, presentes à reunião para o desenvolvimento de políticas públicas para este povo de forma integrada com outros países do cone sul.

 

Logo em seguida, os integrantes da CNPI iniciaram a discussão sobre a proposta de texto para o Estatuto dos Povos Indígenas, cuja tramitação está paralisada há 14 anos no Congresso Nacional. A proposta da CNPI para o Estatuto, construída a partir de 10 encontros regionais que reuniram cerca de mil índios em 2008, será concluída hoje pela tarde.


Fonte: CIMI

 

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