Realizado pela primeira vez na Amazônia, o Fórum teve como um de seus principais desafios avançar nas discussões e organização para o enfrentamento ao atual modelo de produção e seus impactos ambientais, além dos sociais e econômicos. O local também possibilitou a maior participação de povos indígenas na história do FSM. Foram mais de três mil representantes de diversos estados do Brasil e dos demais países da América Latina.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) esteve presente em Belém e realizou, durante o Fórum, mais de 15 atividades, entre debates, Seminários e Tribunais populares. Criminalização dos movimentos sociais, direitos humanos, impactos dos agrocombustíveis, trabalho escravo, a luta pela terra, a luta dos povos indígenas e quilombolas e os grandes projetos nas bacias hidrográficas foram alguns dos temas debatidos com a participação da CPT. “Conseguimos colaborar em temas fundamentais de serem discutidos e aprofundados no momento histórico em que vivemos”, comenta Tânia de Sousa, da CPT de João Pessoa.
Agrocombustíveis em cheque
CPT Nordeste realiza debate sobre agrocombustíveis no FSM
“Impactos dos Agrocombustíveis: responsabilidades e alternativas”. Esse foi o tema do debate realizado, no FSM, pela Comissão Pastoral da Terra - NE II, em conjunto com a Organização Não Governamental Repórter Brasil. O espaço teve como objetivo tratar sobre a expansão dos monocultivos, impulsionada por políticas de incentivo do governo - em conjunto com o capital internacional - à produção de agrocombustíveis; a inviabilização do projeto de soberania alimentar e energética do país sob os moldes desse modelo econômico, além de aprofundar sobre os prejuízos para a vida dos trabalhadores rurais e para o meio ambiente.
Durante toda a manhã do dia 30, o espaço reservado para a discussão, na UFPA, ficou lotado. Jovens, estudantes, militantes de movimentos sociais, pesquisadores e juristas enriqueceram o debate com suas experiências locais. “Com a diversidade do público e com a riqueza do debate, conseguimos ampliar, ainda mais, a visão sobre os impactos causados pelos agrocombustíveis”, comenta Plácido Junior que na ocasião, foi um dos facilitadores da atividade.
Além de tratarem sobre as causas e conseqüências da expansão dos monocultivos, como o da cana de açúcar no Brasil – Em particular no NE, área tradicional do plantio e, em SP, região de maior produção de cana do país -, os participantes também discutiram sobre os projetos governamentais de incentivo a produção de biodiesel. Na ocasião, ainda foram apresentados os dados divulgados no relatório intitulado “O Brasil dos Agrocombustíveis”, recém-lançado pela Repórter Brasil.
Balanço - Mesmo aglutinando milhares de pessoas em torno de pautas essenciais para as organizações de esquerda de todo o mundo, o FSM não conseguiu ser um espaço de organização e de formulação de políticas e ações que unificassem as entidades e movimentos sociais participantes. Para Plácido Júnior, da CPT PE, “o Fórum é esse espaço de aglutinação, porém, tem algo mais a cumprir. Tem muita gente participando, debatendo, e isso demonstra a necessidade das organizações canalizarem toda essa discussão”. E chama a atenção de que “é a luta dos movimentos sociais, do povo, que tem que estar na linha de frente do Fórum”, em contraposição a participação hegemônica das Organizações Não Governamentais no evento.
Fonte: Setor de Comunicação da CPT PE