Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

A Declarção Universal dos Direitos Humanos completa seus 60 anos hoje, dia 10 de dezembro de 2008. Como a declaração representa a expressão mundial dos direitos que são fundamentais a todos os seres humanos, torna-se também importante para os campesinos e campesinas comemorarem esta ocasião.

Nós, camponeses e camponesas representamos quase metade da população do mundo e somos a base do sistema de produção de alimentos do planeta. Trabalhamos muito para levar comida para a população todos os dias, mas enfrentamos a dura realidade da crise alimentar, energética, climática e financeira. Essas crises também produzem violações generalizadas e sistemáticas nos direitos dos (das) campesinos(as).


As crises atuais são resultados dos antigos modos de produção e de consumo que tem sido desastrosos para os povos e para o planeta. No setor agrícola, chegou com a liberalização do comercio, com o apoio para os fertilizantes químicos e industrias de sementes, revolução verde, ajuda alimentar e a rápida expansão dos agrocombustíveis.  A nivel local, essas políticas se manifestam através da expropriação e privatização da terra, da destruição da integridade dos serviços públicos para o campo, importação de alimentos e a falta de proteção para os mercados locais. Estas políticas e práticas dirigidas pelos governos neoliberais, corporações transnacionais e individuos trouxeram danos para as mulheres camponesas, que sofrem uma dupla marginalização: como mulheres e como camponesas.

Chega! Temos que continuar na luta e estar mais organizados para defender nossos direitos enquanto camponeses e camponesas. Este é o motivo pelo qual, tendo em conta o 60º aniversario da Declaração dos Direitos Humanos, nós exigimos nossa própria Declaração. A futura Declaração dos Direitos dos camponeses e camponesas conterá os valores básicos que teremos que respeitar, proteger e que deverão ser executados por nossos governos e instituições internacionais. Entre os direitos básicos estão:

1-     Direito a Soberania Alimentar

2-     Direito a vida e a um nível de vida adequado;

3-     Direito a recursos agrários;

4-     Direito sobre as sementes e a agricultura;

5-     Direito a financiamento e meios de produção agrícolas;

6-     Direito ao acesso a informação e a tecnología agrícola;

7-     Direito a liberdade na determinação do valor e mercado para a produção agrícola;

8-     Direito a proteção dos valores agrícolas;

9- Direito a biodiversidde biológica;

10-     Direito a preservação ambiental, direito a liberdade de associação;

Esses direitos, agora, estão sendo reconhecidos e apresentados ao sistema de Direitos Humanos da ONU, por meio da Via Campesina e seus aliados. Esses direitos são também essenciais para alcançar a soberanía alimentar dos povos.

Estamos comprometidos a tomar essa iniciativa a nível nacional, regional e internacional para sensibilizar, mobilizar apoios e criar alianças, não apenas com camponeses e camponesas, e sim com todo o mundo. Estamos certos que os direitos dos camponeses e camponesas são fundamentais para o bem da humanidade e do planeta.


Via Campesina

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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