Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Dez famílias quilombolas da comunidade de Grotão, no município de Filadélfia (TO), foram despejadas, no dia 8 de outubro, devido a uma liminar de reintegração de posse. O grupo, formado por sete adultos e 20 crianças, ocupava uma área de cerca de mil hectares.  A comunidade de Grotão foi auto-definida como remanescente de quilombo e depende do reconhecimento dos órgãos governamentais para legalizar sua situação.

Para que isso aconteça, é preciso que a Fundação Cultural Palmares emita um certificado de reconhecimento para que, então, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) faça um levantamento antropológico na área. O certificado já foi emitido e enviado ao Incra, embora o órgão negue o recebimento. A CPT protocolou no dia 17 de outubro, no Tribunal de Justiça do Tocantins, um agravo de instrumento pedindo a suspensão da liminar de reintegração de posse, emitida em 21 de agosto deste ano. O pedido ainda não foi julgado.

 

As famílias estão passando por diversas necessidades, já que além de suas casas, vários de seus pertences, como mantimentos e roupas, foram queimados pela Polícia Militar.  “A situação é crítica, uma vez que elas estão alojadas em uma quadra [de esportes] de forma desumana com o povo que puderam carregar de suas casas. É uma situação de desespero e medo, principalmente para as crianças, que estão muito abaladas com o que aconteceu”, afirmou Edmundo Rodrigues Costa, coordenador da CPT Araguaia/Tocantins. No dia 14 de outubro, uma bomba caseira foi jogada na quadra onde estão alojadas as famílias despejadas. A CPT denunciou o caso à Secretaria Especial de Direitos Humanos, à Fundação Cultural Palmares, à Secretaria de Cidadania e Justiça e ao Ministério Público Federal.


 

Fonte: Jornal Extra Notícias de Palmas – TO

 

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