A atividade contou com a participação de cerca de 40 jovens de comunidades rurais, assentamentos, acampamentos, sitiante e quilombolas da região do Pajeú e foi organizada pela Pastoral da Juventude Rural (PJR) em conjunto com a CPT. “O objetivo do Seminário foi discutir qual a realidade dos jovens do campo que estão na região, que cada um pudesse compartilhar suas experiências e assim, identificar os nossos desafios”, comenta Luciana Galdino, da PRJ.
Segundo Denis Venceslau, da CPT do Pajeú, “os jovens muitas vezes não encontram alternativas para permanecer no campo e vários são os fatores.” O Padre Tiago Throlby, também da CPT, esteve presente na ocasião para debater com os participantes. O tema central discutido entre os jovens foi a relação de exploração dos patrões com trabalhadores e, dentro desta perspectiva, foram abordados os malefícios que a implementação de grandes projetos do Agro-hidronegócio, implementados no campo, trazem para a vida dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e também para o meio ambiente. Para o Padre Tiago, os grandes projetos de agro-hidronegócio só beneficiam os latifundiários que expulsam todos os anos milhares de trabalhadores rurais de suas terras para tentar a vida na cidade ou em outras regiões do país. Ainda na ocasião, os participantes debateram sobre a Via Campesina.
Além de ter sido um espaço de formação entre a juventude da região, “o Seminário também serviu para fortalecer a articulação e organização dos jovens do Pajeú”, complementou Luciana. Ao final do encontro, os jovens definiram algumas bandeiras de luta e um planejamento. “Com a retirada dessas bandeiras de luta durante o seminário da juventude sentimos que nossos jovens gritam por um mundo diferente, sonham por um mundo igualitário e justo, encontram desafios, mas querem e tem a perspectiva de permanecerem na luta em busca de seus ideais”, complementou Denis.
Alguns pontos da sistematização do Seminário:
1- Se faz necessário e urgente o Brasil repensar sua estrutura agrária e agrícola para a juventude do campo;
2 – Os jovens querem melhores condições de vida no campo e não querem sair dele, para tanto, é urgente pensar numa educação contextualizada, com estrutura mínima de uma escola que funcione no campo e para o campo;
3 – Geração de Renda, políticas públicas para a juventude, créditos específicos e sem burocracia, formação e capacitação são pontos de debates para melhorar a vida dos jovens no campo;
4 – Os jovens querem se organizar e manter-se organizado em associação, cooperativa, grupos de jovens, grupos de produção e comercialização, para isso, é necessário a continuação do trabalho das organizações do campo e o incentivo do governo;
5 – Formação política e profissionalizante para a juventude;
6 – Os jovens querem permanecer no campo, viver e trabalhar nele, os jovens tem o campo como um lugar sagrado e de vida;
7 - Os jovem querem contribuir com um novo projeto de sociedade; defendendo a luta pelo acesso a terra, á água e os direitos negados;
8 - Os jovens querem preservar o meio ambiente, a natureza, as espécies nativas, através de suas experiências de ?Bancos comunitário de sementes, viveiros de mudas, etc;
9 – Os jovens querem trabalho mas que não seja preciso sair da terra para trabalhar como mão de obra nos grandes projetos do hidro-agronegócio;
10 – os jovens querem lazer, cultura e valorização de seus talentos e dotes.