Cabrobó - Representantes indígenas de Pernambuco cobram agilidade na apuração da morte de Mozeni Araújo, índio Truká candidato a vereador
Integrantes de todas as etnias indígenas do estado fizeram protesto ontem à tarde no Palácio do Campo das Princesas. A mobilização marcou os 32 dias do assassinato do índio truká, Mozeni Araújo, 37 também candidato a vereador da cidade de Cabrobó. De acordo com os manifestantes, o ato foi motivado pelo descaso das autoridades quanto ao inquérito policial. Mozeni foi morto com tiros à queima-roupa à luz do dia em frente ao seu comitê eleitoral. Os líderes foram recebidos pelo secretário executivo de Justiça e Direitos Humanos, Rodrigo Pellegrino, e pelo secretário executivo de Defesa Social, Claudio Lima. Apesar das reivindicações, o clima do encontro foi pacífico.
"Esperamos que o governo do estado tome providências sobre a perseguição que sofremos e a impunidade", afirmou o líder Truká, cacique Aurivan dos Santos. Ele acrescentou que o inquérito policial ainda está em aberto e o prazo estabelece 30 dias para a justiça finalizá-lo. "De 2005 para cá, outros dois líderes foram mortos e os inquéritos estão arquivados", disse um dos coordenadores regionais do Movimento Nacional dos Direitos Humanos Gustavo Magnato.
A questão da violência enfrentada pelos Truká é antiga e eles são considerados os povos mais violentados, segundo pesquisa feita pelo coordenador nacional do Conselho Indígenista Missionário (CIMI), Saulo Feitosa, "Desde o século XVII, eles ocupam a Ilha de Assunção, no município de Cabrobó. Os crimes envolvem posse dessas terras. A Funai reconhece a área dos índios, mas há invasões constantes que são combatidas com violência", afirmou.
Palácio das Princesas - Mais de 80 índios, entre crianças e idosos, participaram do ato que iniciou na praça da República, foi até o Parque 13 de maio e terminou no Palácio do Governo. Durante encontro, representantes do governo e líderes discutiram questões de combate à criminalidade, além de aspectos educacionais e sanitários.
Para a professora da tribo Claudia Truká, há um abandono por parte do governoem relação à educação. "Um conselho foi criado, ano passado, e até agora não houve nenhuma ação", contou. Após 1h30 de negociações no Palácio do Governo, houve avanço entre as partes e os ânimos foram acalmados.
"Serão realizadas visitas a Cabrobó, como também discussões para tentar resolver a temática indígena. As reivindicações serão respondidas e discutidas em conjunto com os índios", disse Rodrigo Pellegrino.
Segundo o secretário executivo de Justiça e Direitos Humanos, o inquérito policial ainda não foi encerrado, mas o autor dos disparos à queima-roupa, Maurício Ricardo Alexandre Silva, está preso. Na reunião, foram determinados mais 30 dias para fechamento do inquérito.
"Esperamos providências sobre a perseguição que sofremos"
Aurivan dos Santos - líder Truká
Fonte: Diário de Pernambuco
Caroline Pellegrino