"Pela Vida Grita Terra... Por Direitos, Todos Nós" é o chamado que os movimentos sociais e pastorais querem ecoar nas ruas na próxima quarta-feira (7). Aproveitando o mote da campanha da fraternidade, que neste ano trata de ecologia alertando para a vida no planeta, o 17º Grito dos Excluídos vem com força total para a defesa da vida humana e da natureza.
A iniciativa é composta por uma série de eventos e mobilizações que se realizam durante a semana da pátria, sendo que as principais manifestações ocorrem no Dia da Independência, pois seu eixo fundamental gira em torno da soberania nacional. Não se trata exatamente de um movimento, uma campanha ou uma organização, mas de um espaço para vários atores sociais se juntarem para protestar e propor novos caminhos. “O objetivo é transformar uma participação passiva, nas comemorações dessa data, em uma cidadania consciente e ativa por parte da população”, diz o manifesto.
Segundo Ari Alberti, coordenador nacional do evento, a proposta é aberta e as atividades diversificadas. Neste ano, os organizadores pretendem levar as ações até as periferias das cidades para abordarem temas como reforma política, drogas, alimentos orgânicos, projeto de reforma do código florestal, entre outros. “Na periferia é possível construir o ato junto com as pessoas, que se sentem atraídas e se sentem protagonistas das atividades. O grito ajuda a levar formação e informação para essas pessoas”, explica Ari.
As atividades são variadas e vão desde atos públicos, romarias, celebrações especiais, seminários e cursos de reflexão, blocos na rua, caminhadas, teatro, música, dança, feiras de economia solidária até acampamentos e se estendem por todo o território nacional.
Do sul ao norte, haverá mobilizações. Na cidade de Aparecida, por exemplo, ocorrerá grande manifestação, que será feita junto com a Romaria dos Trabalhadores. Já em Londrina o protesto será contra os rumos da reciclagem na cidade, tema relacionado à ecologia e, também, o grupo vai gritar contra a corrupção na área da saúde e cobrar uma posição firme dos vereadores.
Em Macapá, a manifestação organizada por pastorais, movimentos, Comunidades Eclesiais de Base da Diocese de Macapá, associações, Movimento Mãos Limpas e outras instituições levam o grito para o meio do mundo, no monumento Marco Zero do Equador. Dourados, por sua vez, contará com o Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação (Simted) defendendo a produção e o consumo de alimentos orgânicos em detrimento dos produzidos em larga escala com o uso de agrotóxicos. Em São Paulo, a Praça da Sé será um dos locais de concentração.
Código Florestal no grito
No último dia primeiro, em São Paulo, durante o lançamento do Grito, na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo de Jales e presidente da Cáritas Brasileira, dom Demétrio Valentino, pediu que haja um cuidado especial com a Amazônia. Segundo ele, é preciso garantir a preservação de, no mínimo, 80% da floresta.
De acordo com informações da assessoria, “no campo, menos de 50 mil grandes proprietários detêm mais da metade das terras. É preciso acabar com essas injustiças sociais e não aprovar uma nova lei que só vai beneficiar aqueles que não precisam de benefício algum. Segundo o IPEA, 50% da renda total do Brasil estão nas mãos dos 10% mais ricos enquanto os 50% mais pobres dividem entre si 10% da riqueza nacional”, alertou.
Percebendo a gravidade da atual conjuntura e pressão ruralista para a reforma do Código Florestal, o bispo declarou que tem esperanças de que o Senado saiba “exercer o seu papel de equilíbrio e bom senso”. “Nós como CNBB, em especial, percebemos que o momento é grave e a Igreja se sente responsabilizada em contribuir”, completou.
Valentino disse ainda que a CNBB deve apresentar emendas ao projeto “Estamos elaborando emendas que tentam fazer a convergência de objetivos entre a preservação ambiental e a agricultura brasileira, de tal modo que não são objetivos contraditórios. Quanto mais cuidamos bem da natureza, mais ela poderá contribuir para a vida da humanidade”.
Segundo os organizadores do movimento, é necessário que às vésperas da ‘Rio+20’ (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012) as organizações populares dos diversos setores se posicionem sobre este tema e o “Grito dos Excluídos não aceita as mudanças propostas pelo relator do projeto, deputado Aldo Rebelo, visto que vai acarretar mais injustiças no campo e na cidade e beneficiar as grandes empresas do campo e os latifundiários. Por isso, o Grito dos Excluídos defende: Pela vida, grita a Terra”, informou a assessoria.
O Grito dos Excluídos é organizado pela Pastoral Social da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pela Comissão Pastora da Terra (CPT), por diversos movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Ameaçados por Barragens (Moab), pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo dentre outros. Entretanto, o apoio fundamental vem da rede de articuladores e voluntários espalhados em todos os estados, que ajuda animar o processo de construção do Grito.
Para Ari Alberti, é importante que a população se articule e reivindique seus direitos e participe mais nos debates. “Ou a sociedade se organiza ou os direitos não vão acontecer”, avisa, ressaltando a importância da participação popular para se ter um país independente. Sindicatos, grupos indígenas, estudantes, trabalhadores, fiéis religiosos, sem-terra, ONGs, comunidade em geral darão o grito por um basta no desenvolvimento predatório que vem acontecendo no planeta. Segundo os organizadores do Grito, é necessário que as vésperas da Rio +20 as organizações populares dos diversos setores se posicionem sobre estes temas tão importantes. Participe!
*Com informações do Grito dos Excluídos.org, Cáritas, BondeNews, Pastoral da Comunicação, Agência Brasil, G1, Capital News.
fonte:http://wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/temas_nacionais/noticias_temas_nacionais/?29688/Brasil-se-mobiliza-por-sete-dias-em-defesa-da-natureza