Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Relatório atesta população pode estar ameaçada pela exploração da matéria prima do combustível nuclear

A população rural de Caetité e dos municípios vizinhos de Lagoa Real e Livramento de Nossa Senhora, na Bahia, continua preocupada com os problemas que a única mina de urânio em operação no Brasil pode causar. Um relatório elaborado pela Plataforma Dhesca atesta que os direitos à moradia, ao território e à alimentação adequada estão ameaçados pela exploração da principal matéria prima do combustível nuclear.

 



A socióloga Marijane Lisboa afirma que a contaminação radioativa dos poços artesianos – que foram interditados e posteriormente liberados em circunstâncias duvidosas – seria apenas um dos indícios sobre os graves riscos para a saúde da população.

“Eles não têm acesso aos laudos. As informações são contraditórias. Também falta água. Existem os acidentes nas explosões que eles escutam e que depois ninguém diz o que aconteceu. Já que eles estão em uma região uranífera e ao lado de uma mina que tem esse tipo de atividade, essa população deveria ter na cidade um apoio no que diz respeito ao monitoramento da saúde, coisa que não existe.”

Após ouvir relatos de moradores, a relatora concluiu que os direitos à atividade econômica também estão diretamente afetados. Os agricultores não conseguem comercializar a produção nos mercados locais, pois existe receio quanto ao risco de contaminação dos alimentos.

Lucas Mendonça, funcionário da INB (Indústrias Nucleares Brasileiras) – estatal que administra a mina – relata que a sensação de insegurança é constante.

“Desde o meu primeiro dia de trabalho eles tentam encobrir. Dizem que não tem problema nenhum trabalhar com urânio, que o trajeto de Caetité a mina (40 quilômetros) é mais perigoso. Mas as pessoas trabalham, vão se informando e percebendo que o processo não era para ser feito daquela forma. A empresa não diz nem que dose de radiação eu tomo.”

 

 

Jorge Américo
da Radioagência NP

 

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