Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O rio São Francisco está perdendo vazão. Pior: o Velho Chico foi o rio que mais apresentou diminuição das águas no último meio século – nada menos que 35% de sua capacidade. Para se ter uma idéia dessa diminuição, o fluxo de águas na bacia do Amazonas caiu apenas 3,1%, no mesmo período, enquanto outros rios brasileiros apresentaram uma elevação na vazão. Esse é um dos alertas que o coordenador da Comissão Pastoral da Terra da Bahia (CPT), Rubens Siqueira, traz para Campina Grande, nesta quinta-feira (17), durante a abertura do Encontro de Atingidos e Atingidas pelo Projeto de Transposição do Rio São Francisco (Confira programação completa abaixo).

O evento, realizado na Casa de Encontro São Clemente, no bairro de Bodocongó, tem início às 19h e contará com mais de cem participantes vindos dos cincos estados nordestinos envolvidos na transposição.

Para Siqueira, o outrora caudaloso São Francisco agora apresenta um panorama agudo, preocupante. “É um rio com todas as evidências de um quadro hídrico crítico, no entanto, o governo continua com esses projetos que privilegiam a produção de cana-de-açúcar para etanol em toda a bacia do São Francisco”. A crítica do coordenador da CPT Baiana faz referência à preferência do projeto de transposição do Velho Chico para irrigação de plantações em detrimento, não raro, ao consumo da água pelo sertanejo da região que o leito transposto vai passar. E mais: pelos números acerca dos reservatórios de água já existentes no semi-árido brasileiro, segundo Rubens Siqueira, a transposição seria um projeto totalmente redundante e desnecessário.

“O semi-árido brasileiro é a região, entre os semi-áridos do mundo, que mais concentrou água, que mais fez açudes.  São 70 mil açudes. Há açudes que têm seis bilhões de metros cúbicos de água. São grandes cemitérios de água, porque essas águas estão lá e não estão sendo usadas, ou são usadas pelos grandes latifundiários. Para que, então, exportar água? Alguns falam que a transposição dará segurança hídrica às águas do nordeste. Mas nós perguntamos: aumentar a oferta hídrica para quem? Para fazer o que? A que custo? Qual o desenvolvimento que está por trás da transposição? Esse debate não está sendo feito. Essa água acumulada, por lei, deve ser acessível à população do árido, mas não é”, revela o coordenador.

PROGRAMAÇÃO do Encontro dos Atingidos pela Transposição do Rio São Francisco

DIA 17 [Quinta-feira]
19h  – Abertura oficial
19h40  – Lançamento de vídeo
20h  – Lançamento de livros
20h30  – Entrega dos prêmios aos Amigos(as) da Águas
21h30  – Encerramento

DIA 18 [Sexta-feira]
08h – Quadro de realidade
10h – Painel dos grupos atingidos pela transposição do São Francisco
12h – Almoço
14h – Painel dos atingidos por outros projetos
15h – Aprofundamento do contexto da Transposição (Análise de conjuntura)
16h30 – Preparação para o Ato Público
17h – Saída para o Ato Público no Parque do Povo

DIA 19 [Sábado]
08h – Construção de um Plano de Ação (Atividade nos grupos por área)
10h – Plenária/Encaminhamentos
13h30 – Almoço
15h - Encerramento


SERVIÇO:
Encontro de Atingidos/as pelo Projeto de Transposição do Rio São Francisco
Data: 17 a 19 de junho de 2010
Local: Casa de Encontro São Clemente – Rua Dr. Francisco Pinto Vieira, 103, Bodocongó, Campina Grande/PB
 
Realização:
- Frente Paraibana em Defesa da Terra, das Águas e dos Povos do Nordeste
- Frente Cearense por uma Nova Cultura da Água e Contra a Transposição do Rio São Francisco
- Ação Popular pela Revitalização do São Francisco

Fonte: Assessoria da Atividade

 

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