Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O tipo de crescimento baseado no acúmulo de riquezas e na acentuação das desigualdades foi o principal ponto debatido pelos participantes no primeiro dia da Conferência dos Povos do São Francisco e do Semi-Árido. Mesmo com o forte calor de Sobradinho (BA), as mais de 200 pessoas participaram das assembléias e relataram as principais preocupações com a realidade vivida nos 13 diferentes estados (AL, SE, PE, BA, PB, RN, PI, CE, MG, RJ, SP, GO e PR) além do Distrito Federal e outros dois países, Alemanha e Argentina.

Fonte www.mst.org.br 26-02-2008

A abertura aconteceu com uma mistura de manifestação artística e alerta para o acelerado processo de degradação ambiental. A estudante Silvya Janayna, de Piranhas (AL), recitou uma poesia chamada Lágrimas do Velho Chico, do poeta Túlio dos Anjos, e sobre o projeto de transposição disse “vai faltar água e alimento. Vai sobrar muito sofrimento. Fome, miséria e poluição”.

A tônica serviu para todo o dia. No início da tarde, Ruben Siqueira, da CPT (Comissão Pastoral da Terra) fez uma espécie de memória das ações populares recentes na bacia do rio São Francisco e no Semi-Árido. Em seguida teve início a análise de conjuntura. Um representante de cada estado fez um breve relato da realidade vivida pela população, urbana e rural. O sócio-economista Marcos Arruda, do PACS (Instituto de Políticas Avançadas para o Cone Sul), deu continuidade à análise comparando o crescimento econômico desenfreado à um estado de barbárie.

Arruda observou que a maioria das pessoas “não tem nem seus direitos animais garantidos, quanto mais os direitos humanos”. Sobre o presidente Lula afirmou: “continua insistindo em governar sem um programa de desenvolvimento” e completou que o “PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) não tem nada a ver com desenvolvimento”. A análise foi completada por Derli Casali, do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) e pelo debate.

Programação

Para amanhã está prevista a caracterização e contexto atual do Semi-Árido e do São Francisco, com Manoel Bonfim – engenheiro civil especialista em geologia e hidrologia, Luciano Silveira - da Articulação do Semi-Árido na Paraíba, Paulo Tupiniquim – da APOINME (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo); representantes dos pescadores, quilombolas e vazanteiros. Além disso, a ex-senadora Heloísa Helena e o bispo D. Luiz Cáppio devem chegar ainda pela manhã para participar das atividades.

Participantes

Entre as entidades representadas estão os Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA), dos Atingidos por Barragens (MAB), das Mulheres Camponesas (MMC) e dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Marcha Mundial das Mulheres; Conselho Pastoral dos Pescadores; Comissão Pastoral da Terra; Cáritas; Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada (IRPAA); Sindicatos de Trabalhadores Rurais; Sindicato dos Trabalhadores em Água e Esgoto no Estado da Bahia (SINDAE); Pólo Sindical de Petrolina (PE); Fórum Permanente da Bahia em Defesa do São Francisco; Conselho Indigenista Missionário (CIMI); as Frentes: Cearense por uma Nova Cultura de Água Contra a Transposição e a Paraibana Contra a Transposição; CESE; KOINONIA; Comitê Paulistano Contra a Transposição; Pastoral da Juventude do Meio Popular; Conlutas; Diretório Central dos Estudantes de Minas Gerais; Consulta Popular; Conselho dos Religiosos do Brasil (CRB); representantes de comunidades indígenas – Pipipã, Truká e Tupã, quilombolas, vazanteiros, geraiseiras, catingueiras e pescadores, entre outras.

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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