O bispo de Barra (BA), d. Luiz Flávio Cappio, afirmou nesta segunda-feira que a retomada das obras para a transposição do rio São Francisco "mostra a total insensibilidade do governo em relação aos movimentos sociais que o elegeram".
Depois de muita polêmica, o Batalhão de Construção e Engenharia do Exército reiniciou ontem os trabalhos. De acordo com a assessoria do Ministério da Integração Nacional, as obras não haviam sido retomadas antes por causa das festas de fim de ano.
No dia 19 de dezembro, o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou liminar que impedia a retomada das obras.
Mesmo assim, d. Luiz, que fez jejum de 23 dias para protestar contra as obras, disse que sua campanha continuará. "Não podemos parar."
O bispo afirmou ainda que o governo "traiu quem o apoiou" e "alijou a população das tomadas de decisão, tornando-se arbitrário". Para ele, o presidente Lula "se recusa agora a ouvir a sociedade".
O religioso ainda não se recuperou da greve de fome. Dos nove quilos que perdeu, readquiriu apenas dois. "Ainda estou sob cuidados médicos, com alimentação controlada."
Obras preparatórias
O Exército é responsável por obras preparatórias como serviços de topografia, construção de barragens e canais. De acordo com o Ministério da Integração, a data para o início das obras civis ainda não foi definida.
A primeira etapa de obras civis será feita pelo consórcio Águas do São Francisco --formado pelas empresas Carioca S.A., Paulista e Serveng. Em dezembro, o consórcio venceu a licitação para o lote 1, em um trecho de 400 quilômetros em Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. As obras nessa fase custarão R$ 238,8 milhões.
A primeira etapa consiste em obras de instalação de equipamentos, montagem e testes mecânicos e elétricos, drenagem interna de canais, construção de muretas laterais, passarelas e pontes.
Fonte: Folha Online