A matéria ressalta a serenidade de dom Cappio, mas fala de sua magreza ante a luta social que resolveu travar, “com o hábito franciscano, um rio que deve ser defendido, uma luta quase impossível” até que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decida cancelar definitivamente o projeto e mandar a retirada do exército em Cabrobó.
A reportagem ainda descreve o conflito gerado pelo projeto, que promete matar a sede de 12 milhões de nordestinos que vivem no semi-árido brasileiro, mas que, segundo o bispo, é uma grande mentira, já que servirá mesmo para irrigar os latifúndios e enriquecer mais os empresários. "O projeto é belo somente na ótica dos empreendedores, do agronegócio e da assim chamada economia globalizada", diz o religioso na matéria.
O irmão do bispo, Gianfranco Cappio, mostra sua preocupação com a saúde e a vida do religioso. "Roma já deve saber: o Brasil não pode festejar o Natal com o cadáver de um bispo católico, morto pelo seu povo", afirmou. E o bispo finaliza com uma questão de hierarquia religiosa, sobre uma possível interferência do papa para que ele pare com o jejum. "A um bispo se dá conselhos, não, ordens. Podem pedir, mas não fizeram. E, pois, entre o papa e um bispo, não há intermediários", encerra dom Cappio.
Essa não é a primeira matéria que questiona o projeto de transposição do rio São Francisco e apóia a luta do bispo de Barra a ser publicada por um jornal internacional. O italiano "Liberazione" publicou um artigo na capa, além de jornais norte-americanos, belgas e franceses.
Fonte: Reportagem do Jornal O TEMPO, 14/12/2007, p. A8.