A agressão aconteceu quando Liberato, na caça de um animal fugido, se encaminhou para a área de sequeiro do rio e se deparou com o fazendeiro acompanhado de três capangas. Através de ameaças de morte, intimidaram o agricultor e quase o pisotearam com os cavalos que montavam. Os capangas ainda mandaram recados para as lideranças do Quilombo, Élson Ribeiro Borges e Almir Pereira: caso continuassem a trabalhar nas terras, aconteceriam muitas mortes.
No dia 30 de março houve uma segunda intimidação, dessa vez contra um adolescente de 15 anos, que estava na estrada, perto da propriedade do mesmo fazendeiro. Nessa ocasião, os capangas, juntamente com Alberto Bahia, endureceram o tom das ameaças e com armas em punho intimidaram o rapaz.
Contextualização:
A história de luta pela terra nessa região data de muito antes, mas as ameaças e agressões se intensificaram desde que em 3 de maio de 2008, os quilombolas voltaram a ocupar e utilizar para o plantio as terras próximas do rio São Francisco, em área que pertence à União. O retorno para essa localidade aconteceu após anos de grilagem que expulsaram da área boa parte dos habitantes dessa comunidade secular. “Muitas das famílias daqui tiveram que migrar e buscar outras atividades” conta o quilombola Élson Ribeiro Borges, que é um dos fundadores da Associação de Agropastoril Quilombola Barra do Parateca.
Em 18 de julho de 2008 houve uma Audiência Pública na região, que contou com a presença do Ouvidor Agrário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Nacional (INCRA), Dês. Gercino José da Silva Filho. O pedido de reforço policial para a área, feito pelo desembargador, diminuiu temporariamente as tensões na região, mas a volta à época de plantio, no mês de março desse ano, trouxe os conflitos à tona novamente.
O desembargador Gercino Filho também encaminhou ao INCRA e à Gerência Regional do Patrimônio da União (GRPU), o pedido de mapeamento da área para a aceleração do processo de concessão de terra.
Esse seria um segundo passo na luta das 214 famílias da comunidade, que teve a sua primeira vitória em 2005, quando a Fundação Palmares a reconheceu como uma área remanescente de quilombo.
Para mais informações:
Samuel Britto das Chagas
Articulador do Projeto São Francisco – CPT Bom Jesus da Lapa (BA)
Tel.: (77) 3481-2085
Marilene de Jesus Cardoso Matos
Agente da CPT Bom Jesus da Lapa (BA)
Tel.: (77) 3481-2085
Élson Ribeiro Borges
Membro da Associação Agropastoril Quilombola Barra do Parateca
Tel.: (77) 3486-4032