São fortes os indícios de que a utilização extensiva de agrotóxicos representa um grave problema de saúde pública em países em desenvolvimento, especialmente aqueles com economias baseadas no agronegócio. Entretanto, o tamanho dos danos causados pela exposição aguda ou acumulativa a estes pesticidas nos trabalhadores rurais ainda não é bem conhecido.
Pensando nisso, um grupo de trabalho formado pelo Centro de Assistência a Toxilogia (Ceatox) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e do Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerest) da 10ª Regional de Saúde do Estado iniciou neste mês uma pesquisa inédita em um assentamento da reforma agrária do Paraná.
Os pesquisadores iniciaram um diagnóstico da comunidade do Assentamento Valmir Mota, em Cascavel, no Oeste do Paraná. A intenção é identificar se existem problemas de contaminação na comunidade, em especial nas crianças de duas escolas municipais da região.
Os moradores responderam a um questionário ocupacional. Também terão amostras biológicas coletadas para exames toxicológicos e de avaliação clínica (geral e neurológica). Posteriormente o laboratório de toxicologia do Hospital Universitário analisará a quantidade de água e sangue dos pesquisados e dos demais componentes de suas residências, para a prevenção de doenças crônicas causadas pela exposição aos agrotóxicos.
O assentado Artemio Cardoso Mayer, 55, lembra que os núcleos de base do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST fazem o debate da agroecologia e da saúde pública, porém destaca a importância de cientistas e estudiosos na área atuando na pesquisa do tema.
“Nunca tinha passado por um diagnóstico da minha vida. Sempre quando eu passava no médico, era apontado o problema do momento e nunca relacionado ao passado, quando eu trabalhava passando veneno. Acredito que alguns problemas como dores de cabeça, pressão alta, sejam resultado dessa época”, diz Artemio, que hoje não utiliza agrotóxicos em sua produção.
Fonte:
Por Geani Paula e Júlio Carignano
Do Brasil de Fato