O município de Vila Valério também proibiu a pulverização aérea no município, em agosto deste ano.
As proibições são conseqüência de uma campanha nacional, iniciada em abril deste ano e organizada pela Via Campesina, para combater o uso de agrotóxico na produção de alimentos em todo o País. Em ambos os municípios os projetos de lei a respeito foram encaminhados pela comunidade, representantes das igrejas e pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Segundo o MPA, as ações representam a capacidade do povo organizado e determinado em defesa da vida e do bem comum. O objetivo, ressaltou Elias Alves, do MPA, é levar a proposta também para outros municípios capixabas.
A defesa do movimento é pela produção de alimentos saudáveis, visto que as tecnologias vêm sendo usadas para invadir de forma desumana a agricultura, promovendo o desrespeito ao meio ambiente à vida humana.
A pulverização aérea de agrotóxico já atingiu pátios de escolas, praças e propriedades de agricultores familiares que não utilizam agrotóxico na produção de alimentos no Estado. A informação dos agricultores é que as aeronaves, além de voarem muito baixo, não desligam os jatos de venenos quando estão alterando sua rota, atingindo ruas, casas, escolas e praças e colocando em risco, portanto, a saúde da população.
O problema, alerta o MPA, é grave, principalmente no norte e noroeste do Estado.
“Em Vila Valério, as pulverizações aéreas, mais especificamente nas áreas de plantio do café conilon, tiveram seu inicio no ano de 2008 com o álibi de gerar menos custos e maior produtividade, desconsiderando os impactos sócio-ambientais e ignorando a legislação ambiental, que não permite o licenciamento para aplicação via aérea de nenhum desses venenos convencionalmente utilizados nos cafezais. Neste caso, as regras do comercio se sobrepõem às leis ambientais”, denunciou o MPA.
Segundo o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), órgão que fiscaliza as pulverizações, as normativas são claras e não permitem a pulverização aérea em áreas situadas a uma distância mínima de quinhentos metros de povoações, cidade, vilas, bairros, mananciais de captação de água para abastecimento de população e duzentos e cinqüenta metros de mananciais de água, moradias isoladas e agrupamentos de animais.
As aeronaves agrícolas que transportem produtos agrotóxicos são proibidas de sobrevoar as áreas povoadas, moradias e os agrupamentos humanos, mas, segundo os agricultores, a norma é desrespeitada.
Desde as primeiras pulverizações feitas pelos fazendeiros de café, em Vila Valério, por exemplo, foram constatados sérios problemas nas comunidades que vivem no entorno das fazendas. Segundo Mario Lucio, coordenador do Movimento dos Pequenos Agricultores-MPA, as aplicações desrespeitam todas as leis com um grau altíssimo de irresponsabilidade, em que já aconteceram diversos casos de famílias, animais, água, ar e o solo afetados pela pulverização aérea.
O caso mais chocante envolvendo a pulverização aérea com agrotóxico aconteceu numa escola rural, atingida por uma pulverização. Esse caso teve grande repercussão, fazendo com que o Ministério Público investigasse o fato e determinasse a suspensão das aplicações por dois anos. No entanto, as pulverizações voltaram a ocorrer após este período, motivando o protesto popular.
Feira livre
Começa no próximo dia 8 a feira com produtos orgânicos em Nova Venécia. A feira funcionará na Praça do Granito, ao lado do camelódromo. Inicialmente, o centro oferecerá orgânicos e flores e, nos próximos dias, serão também encontrados no local produtos da agroindústria e do artesanato. O espaço ficará aberto diariamente.
Flavia Bernardes
Fonte: http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=25552