Levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) mostra que as apreensões de agrotóxicos ilegais somarão praticamente 20 mil toneladas no primeiro semestre deste ano, 52% mais que em igual intervalo de 2010.
Segundo Fernando Henrique Marini, gerente do Sindag, as falsificações representaram metade das apreensões, sendo que quando esse tipo de crime começou a ganhar força no Brasil, há cerca de dez anos, o percentual não passava de 5% e o contrabando dominava."No caso do contrabando, indústria e autoridades uniram esforços desde meados da década passada, fiscalização e inteligência melhoraram e o problema diminuiu. Temos que fazer um trabalho semelhante para coibir a falsificação, que em geral é realizada no próprio país e segue outra lógica", afirma Marini.
No caso dos produtos contrabandeados, as fronteiras de Paraná e Mato Grosso do Sul com o Paraguai continuam as principais portas de entrada, mas aumentou o movimento no Rio Grande do Sul. "Quando a fiscalização aperta, normalmente há uma mudança de rota", observa o executivo.
E é em parte por causa disso que as falsificações têm aumentado. Para regiões de plantio de grãos e algodão em Mato Grosso e no Cerrado de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia não há muitos roteiros alternativos e o transporte aéreo encarece as cargas ilegais, incentivando a mudança da prática criminosa.
Cálculos da Croplife International estimam que a indústria brasileira perde 9% de seu faturamento por causa dos produtos ilegais, contrabandeados ou falsificados. De acordo com a entidade, são cerca de US$ 660 milhões por ano em perdas.
Neste primeiro semestre, graças ao avanço das falsificações, Mato Grosso lidera o ranking de apreensões, com quase 7,9 mil toneladas. O Paraná vem em segundo lugar, de acordo com o Sindag, com mais de 7,2 mil toneladas, seguido pelo Rio Grande do Sul, com cerca de 2,6 mil.
"Além da fiscalização integrada [com participação da Polícia Federal], a campanha de estímulo às compras em canais seguros continua. E ela é fundamental, já que hoje em dia é possível encontrar e comprar produtos ilegais até pela internet", conclui Marini.
Do Valor Econômico,28-06-2011