#ViolênciaNoCampoNãoFazQuarentena
Demonstrações de força, violência e poder. Os episódios que ocorreram nessa última semana em Jaqueira (PE) revelam que as famílias camponesas já não sabem mais o que é paz e vivem em permanente tensão decorrente do conflito fundiário com a empresa Agropecuária Mata Sul S/A. A organização das famílias para impedir mais violência, contudo, é um sinal de esperança que alimenta a luta por justiça. Acompanhe um resumo dos últimos episódios, em texto e em vídeos, gravados pelas próprias famílias.
22.05 - manhã: Na comunidade Barro Branco, a manhã foi de seguranças privados da empresa, armados e com cachorros rottweiler. A Polícia Militar também estava no local junto aos seguranças para acompanhar serviço de instalação de cercas em uma estrada que corta o Engenho. Conforme informado á CPT, agricultores foram ameaçados pelos seguranças, que mencionaram possuir ordens para soltar os cachorros, e caso houvesse alguma vítima de ataque justificariam dizendo “que foram os agricultores que partiram pra cima”. As famílias ficaram revoltadas com o aparato providenciado pela empresa para amedronta-las e intimidá-las. “Esta é a quarentena da empresa. Aqui não tem bandido para eles virem desse jeito”, afirmou um dos agricultores. As intimidações e ameaças ocorreram porque a comunidade questionou o local onde seria instalada a cerca, uma vez que impactaria a via pública. Além disso, o local pretendido para a instalação margeia uma curva, o que deixaria a estrada ainda mais estreita e propícia a gerar acidentes, inclusive faltais, como já registrado anteriormente no mesmo local.
22.05 - tarde: Agricultores da comunidade relataram à Pastoral que uma equipe de segurança da empresa realizou rondas na comunidade e também que avistaram drones filmando os quintais de todas as casas e o arruado do Engenho.
23.05: Por volta das 21h, homens encapuzados, em um carro da empresa, rondaram a comunidade e o entrono dos quintais das famílias. Essa informação foi repassada à CPT por agricultores que ao verem o movimento ficaram temerosos e em alerta. Segundo informações locais, os homens encapuzados detiveram-se em frente à casa de um dos agricultores que já foi ameaçado de expulsão por um representante da empresa. A comunidade já prestou Boletim de Ocorrência.
26/05: Sem oficial de justiça e sem mandado expedido pela juíza - ao contrário do que prevê a legislação - Policiais foram à comunidade acompanhar novamente funcionários da empresa para a instalação das cercas. A ação evidenciou a relação entre a Polícia local e a Agropecuária Mata Sul S/A. Contudo, cientes de seus direitos, a comunidade resistiu e questionou a ação ilegal, fazendo com que não houvesse a instalação das cercas no local. Uma conquista para as famílias de Barro Branco. Emocionadas, uniram-se para rezar, numa demonstração de esperança por dias melhores, com justiça e sem conflito.
Assista aos vídeos: https://www.instagram.com/p/CAvprLBHWvO/?utm_source=ig_web_copy_link