Este ano completa-se 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, onde 19 trabalhadoras e trabalhadores Sem Terra foram assassinados em sua luta legítima por território. Este feito ocorreu em 17 de abril de 1996 e, desde então, a Via Campesina instituiu esta data como Dia Internacional de Lutas Camponesas, é nesse marco de memória e resistência, que organiza a Conferência Internacional de Reforma Agrária, que busca atualizar o debate sobre esta temática junto a seus membros e aliados como a Marcha Mundial de Mulheres, World Forum of Fisher People, Organización de Pueblos Indígenas, CIP, Fian Internacional, Grain, ETC, LRAN e Amigos de la Tierra Internacional.
A Conferência acontece de 13 a 17 de abril no estado do Pará, Brasil. Entre as principais mesas de debates estão: Estudos sobre a natureza do projeto do capital e do agronegócio; a natureza do projeto de reforma agraria popular, e os desafios do movimento campo e cidade na construção de uma agenda de ações unitárias.
O evento contará com a presença de 200 delegadas e delegados da África, Ásia, Europa, Oriente Médio e das Américas. A atividade se encerrará com um ato internacional de solidariedade, mística e justiça, que se realizará no mesmo horário e lugar em que ocorreu o Massacre de Eldorado dos Carajás.
Para a Via Campesina o tema da terra é central na luta pela Soberania Alimentar, por isso que considera importante ter este espaço de reflexão e construção coletiva, em um contexto de acumulação e desapropriação, de fome e criminalização que vive o campesinato em sua luta por acesso a este bem comum.
Nesse sentido, a Reforma Agraria que defende a Via Campesina não só deve assegurar o acesso e controle sobre a terra para quem nela trabalha, mas que deve assegurar a Soberania Alimentar mediante a produção de alimentos saudáveis, a través de sistemas agroecológicos.
Além disso, deve garantir condições e direitos básicos como a saúde, educação, tecnologia e cultura a toda população do campo. Um projeto que não se limite somente ao campesinato, as que deve ser visto como uma alternativa aos problemas estruturais do campo e de toda a sociedade.
Neste contexto, para um movimento global como a Via Campesina também é estratégico construir elementos comuns para incidência em políticas públicas, e também fortalecer a unidade e solidariedade nas lutas nos territórios.
Da Via Campesina