Lágrimas e esperança!
América Latina,
de tanto sangue derramado,
os que foram ultrajados, todos os seu filhos e filhas,
de tantas terras invadidas, estupradas e espoliadas,
de tantas águas envenenadas, mal usadas e concentradas.
América Latina,
todo teu povo originário,
os acorrentados que aqui chegaram,
os que rasgaram a predeterminação da história,
travaram lutas inglórias que abriram portas futuras.
América Latina,
que floresceu tantos rebeldes para humanidade,
que a unidade foi sempre o caminho,
sozinho tu nunca sonhaste,
e sempre acreditaste em uma América por devir.
América Latina,
tua e minha que é gloriosa,
que será nossa um dia como tempos atrás,
fazer memória aos nossos ancestrais,
sonhar e fazer o sonho que tu sonhou.
As veias abertas da América Latina
por onde jorra sangue,
De quem és um filho rebelde,
hoje derrama lágrimas e esperança!
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O Andorinha-de-Dorso Acanelado,
Vai apressado pra contar pra Araponga,
Já que a Asa Branca, o Azulão, o Quero-Quero,
E o Canarinho amarelo choram juntos ao Tico-Tico.
Mas que bonito é a sinfonia que há,
O Sábia, que ele sabia já,
O ocorrido pro lado do Uruguai,
É que morreu um rapaz e nossa lágrima vai inundar.
O São Francisco que não para de chorar,
Já está louco com tanta depredação.
Vendo morrer o Prata, o Amazônia e o Orinoco,
O destino dos nossos Rios será o do nosso irmão.
O que dizer do Pau Ferro e do Campeche,
Da imburana, o cajueiro e o Jatobá,
O jacarandá com sua seiva escorrendo
Não está nem escondendo que não para de chorar.
Para inundar os rios vivos da memória
Caminhe firme e não pare de sonhar,
Vamos cantar toda e qualquer vitória,
Só pode fazer história quem põe a roda pra girar
Vamos sonhar com o mundo a construir,
Despoluir as terras, matas, rios e o ar em cada esquina.
A luz matutina vamos ter que clarear,
Para ter que estancar as veias da América Latina.
*Versos escritos por Plácido Júnior – geógrafo e agente da Comissão Pastoral da Terra – NE 2