O historiador Airton dos Reis Pereira (foto) recebeu, do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a indicação de sua pesquisa de doutorado ao Prêmio Capes de Tese 2014, oferecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A pesquisa, intitulada “A Luta pela terra no Sul e Sudeste do Pará: migrações, conflitos e violência no campo”, analisa as práticas de diversos grupos sociais que estiveram envolvidos na luta pela terra, entre a segunda metade da década de 1970 e finais dos anos 2000.
Entre os atores ouvidos estão padres, agentes de pastorais, posseiros, trabalhadores rurais migrantes, fazendeiros, advogados, militantes de partidos políticos e representantes de Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STR), da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e de diversas instituições como os Institutos Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e de Terras do Pará (Iterpa), entre outros.
Para o pesquisador, que é filho de trabalhadores rurais que migraram de Minas Gerais para o estado do Pará e tem larga experiência na interlocução com os atores sociais no campo paraense, atuante, inclusive na CPT, investigar essas realidades significa trazer à tona as fundamentações dos conflitos por terra na região amazônica. “Eu trabalhei na zona rural até 18 anos e tive um envolvimento muito grande com os movimentos sociais. Tudo isso, de certa forma, ajudou muito na pesquisa de doutorado e no trabalho que exerço atualmente na coordenação do campus da Uepa, em Marabá. Outro ponto importante foi o público que pesquisei. Como trabalhei com a metodologia da História Oral, a minha experiência na região facilitou o contato e entrevistas com os diversos atores”, pondera Pereira.
A tese de Airton Pereira pode ser entendida como uma narrativa que privilegia pequenos acontecimentos, marcas sutis e singulares. É um estudo que procura afastar-se das vertentes historiográficas. O trabalho revela, por exemplo, que o conceito “posseiro”, durante muito tempo atribuído ao ocupante de terras improdutivas, foi ressignificado, passando, mais tarde, à categoria “sem-terra”, que emergiu a partir da atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A defesa da tese ocorreu em 24 de maio de 2013, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE, e foi escolhida para representar o PPGH pela Comissão de Docentes do Programa. “Acredito que a indicação de minha tese para concorrer ao Prêmio da Capes é um reconhecimento pelo trabalho que realizei. É de certa forma também reconhecimento da trajetória que construí na instituição que pertenço como professor”, revela Airton.
Devido à referência no assunto, o docente também recebe frequentes convites para participação em eventos nacionais e regionais. O próximo será o IX Encontro Regional de História, promovido pela Seção Pará, da Associação Nacional de História, que será realizado em Belém, de 10 a 13 de novembro, nas dependências da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O Prêmio Capes de Tese oferece como premiação passagem aérea e diária para o autor e para o orientador da tese premiada para comparecimento à cerimônia de premiação, que ocorrerá no dia 10 de dezembro deste ano, em Brasília; certificado ao orientador, co-orientador(es) e ao programa em que foi defendida a tese; certificado e medalha para autor; auxílio equivalente a uma participação em congresso nacional para o orientador, no valor de R$ 3 mil; e bolsa para realização de estágio pós-doutoral em instituição nacional ou internacional. (Fonte: UEPA)
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